Com fábrica de motos elétricas em Manaus, empresa prevê multiplicar faturamento em cinco vezes

Prevista para começar operação em julho, inicialmente fábrica da Boram vai montar até 30 motos elétricas por dia

Wesley Santana

As motos elétricas fabricadas na fábrica de Manaus chegam a uma velocidade máxima de 85 km/h. Foto: Divulgação

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Dados da Fenabrave mostram que a venda de motos elétricas no Brasil tem crescido mês a mês. Apenas em março deste ano, foram registrados mil emplacamentos de veículos do tipo, uma alta de 83% em relação a fevereiro e de 55% em comparação a março do ano passado. Os motivos para essa adesão variam do baixo custo de aquisição em relação a um carro elétrico à acessibilidade de carregamento, já que as motocicletas podem ser recarregadas em tomadas comuns em poucos minutos.

E é mirando neste comportamento dos consumidores que a Boram Motos Elétricas vai inaugurar uma fábrica própria na Zona Franca de Manaus, em julho, para a montagem de motocicletas dentro do país. A empresa começou sua história em 2019, importando veículos da China e revendendo no Brasil, em um modelo de negócio que pavimentou a abertura de oito lojas próprias na região Norte.

Segundo Thiago Freire, sócio-fundador e CEO da Boram, a construção do espaço é fundamental na  estratégia de ampliar a presença dentro do país. Projetada no modelo in-company, dentro de um galpão já existente, inicialmente a linha de produção terá capacidade de montar até 30 veículos por dia, com a possibilidade de aumentar o fluxo diário conforme a demanda.

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O custo total da obra foi de R$ 10,2 milhões. Destes, R$ 3,6 milhões foram destinados à infraestrutura do espaço e outros R$ 6,6 milhões foram investidos na importação de peças e insumos para o começo da produção. Com a fábrica já em funcionamento, a Boram espera aumentar seu faturamento anual em até cinco vezes, dos R$ 13 milhões atuais para R$ 69 milhões.

“A fábrica tem capacidade de produzir 2,5 mil motos por mês, mas já se torna viável a partir de 500 unidades. Essa foi mais uma estratégia econômica e financeira do que uma decisão de mercado”.

O portfólio da Boram conta com cinco modelos de motos elétricas, que custam entre R$ 14,7 mil a R$ 19,9 mil, com autonomia de até 80 km e velocidade máxima de até 85 km/h. Ainda neste ano, a empresa espera lançar uma versão premium, com preço ainda não divulgado, que pode chegar a rodar 100km a 110 km/h.

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Do Amazonas para o Brasil

Há algumas décadas, a Zona Franca de Manaus tem sido a escolha de muitas empresas que decidem construir fábricas no Brasil. Isso acontece em razão dos incentivos fiscais destinados à região, que podem chegar a uma redução de 88% no Imposto sobre Produtos Industrializados e até à isenção de outros tributos federais, como IPI, PIS e Cofins, a depender do setor em que a companhia atua.

“Começamos a ter demanda de outros estados e, para atender os pedidos, teríamos um impacto tributário muito alto. Diante disso, fizemos uma validação de qual seria o ponto de partida para a abertura de uma fábrica, como o volume mínimo necessário para fazer sentido”, detalha Thiago. “Chegamos a conclusão de que com 500 motos elétricas o nosso projeto já parava em pé, então fomos atrás do que fazer para alcançar este número”.

Com a fábrica na Região Norte, o problema seria a logística, para escoar os produtos da Zona Franca para outras regiões do país. A solução para a companhia foi um sistema de logística dividida, com instalação de centros de distribuição auxiliares em outros estados.

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Em São Paulo, a escolha foi pela cidade de Valinhos, que fica próxima da capital, mas também dá acesso para as rotas do interior do estado. É a partir da unidade de 600 m² que, efetivamente, as motos devem seguir para a casa dos compradores ou para os representantes comerciais.

Embora projete crescimento nos próximos meses, a empresa diz que um gargalo para o setor no país é a falta de infraestrutura para veículos elétricos, que ainda sofre com falta de pontos de carregamento. Para ‘atacar’ este ponto sensível, a Boram prevê investimentos e parcerias para a promoção do modelo de estações de carregamento (swapping stations, em inglês), em que os motoristas podem deixar suas baterias removíveis recarregando enquanto estão em alguma atividade.

“Isso não é uma iniciativa individual da Boram, mas um posicionamento de todo o mercado. Nós já vemos surgir várias startups com o objetivo de cuidar só da troca de baterias e pontos de recarga”, destaca Thiago. “As cidades estão se eletrificando e a Boram tem ajudado nesse caminho por meio das swapping stations, um projeto que é executado por uma das nossas verticiais”.