Em nova era, Marfrig mantém foco total na geração de caixa

Com novo CEO, empresa se compromete a entregar fluxos de caixa positivos e reduzir sua alavancagem de 4 vezes para até 2,5 vezes em 2018

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – A presidência da Marfrig (MRFG3) trocou de mãos, mas a mensagem que a diretoria atual mais quer passar é de que as diretrizes impostas pelo ex-presidente do frigorífico, Sérgio Rial, no “turnaround” bem sucedido de 2014 são as mesmas. “A geração de caixa é nosso objetivo prioritário”, disse o CEO da Marfrig Beef Brasil, Andrew Murchie no evento “Marfrig Day” realizado na sede da Fecomercio em São Paulo. 

A empresa que acabou de divulgar o balanço do quarto trimestre de 2014 teve um fluxo de caixa livre para acionistas de R$ 56 milhões no ano. O número ficou dentro do guidance, que previa uma entrega de uma geração neutra a R$ 100 milhões. A meta para 2015 nesse ponto ficou mais ambiciosa pelo novo guidance. A empresa espera atingir um fluxo de caixa entre R$ 100 milhões e R$ 200 milhões. 

Os resultados são uma importante mudança frente ao histórico da empresa nos últimos anos. Em 2013, com um endividamento muito grande, a empresa entregou um fluxo negativo em quase R$ 2 bilhões. Ou seja, ainda falta muito para cobrir o rombo política de “focar para ganhar” implementada por Rial. 

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Nesse contexto, o novo CEO da Marfrig, Martin Secco Arias, é um executivo focado na continuidade do plano do antecessor. A palavra de ordem em sua gestão é reduzir a alavancagem atualmente em 4 vezes na proporção dívida líquida dividida pelo Ebitda para 2,5 vezes até 2018. Para isso, a companhia vai contar com um plano diferente para cada uma de suas unidades. 

A maior novidade fica por conta da Moy Park, produtora de carnes processadas situada no Reino Unido, que deve fazer seu IPO (Oferta Pública de Ações na sigla em inglês) entre o segundo e o terceiro trimestre deste ano se o mercado aceitar as condições, segundo a CEO da unidade, Janet McCollum. 

No caso da Marfrig Beef, é esperado um crescimento nas exportações na participação das vendas totais. Com um dólar avançando em ritmos galopantes, um incremento nas vendas para fora do País é uma maneira de reduzir a exposição de sua dívida à moeda norte-americana. Um bônus que seria bem-vindo nesta estratégia, como disse o presidente da unidade, Andrew Murchie, seria a abertura de mercados que pagam preços melhores como os Estados Unidos, a Arábia Saudita e a China. 

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Por último, a Keystone, indústria de alimentos diversificados para Estados Unidos e Apmea (Ásia, Pacífico, Oriente Médio e África na sigla em inglês), deseja uma maior penetração com seus gigantes parceiros no varejo como McDonald’s e Subway. “Nosso plano é crescer com eles o máximo possível”, afirmou o CEO da unidade, Frank Ravndal. Além disso, a Keystone também planeja uma expansão para atender mercados com alto potencial como Ásia e Oriente Médio. 

Todo este esforço não garante que a empresa reverta o quadro de alavancagem dos últimos anos, mas alguma ajuda deve vir no futuro com a conversão dos debêntures que ela possui nas mãos do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) em ações. Atualmente, a Marfrig paga R$ 270 milhões por ano ao banco por essas emissões. 

Os executivos da companhia mostraram otimismo. Ricardo Florence, CFO da Marfrig, disse que o processo de desalavancagem do terceiro maior frigorífico do mundo se completará em “dois ou três anos”. Ao investidor, cabe esperar os resultados entregues nessa era Martin Secco, que começou há um mês e meio, para saber se esse bom humor é justificado.