Ações da BRF (BRFS3) caem 6,7% após conclusão do follow-on; analistas revisam estimativas

Goldman eleva preço-alvo das ações de R$ 6,20 para R$ 6,90 com melhora da estrutura de capital, mas mantém recomendação de venda

Equipe InfoMoney

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As ações da BRF (BRFS3) registraram uma sessão de queda após a conclusão da oferta de ações.  Os papéis fecharam em baixa de 6,71%, a R$ 8,90, no pregão desta sexta-feira (14), em uma sessão de baixa do Ibovespa, com queda de 1,30%.

A dona da Sadia e Perdigão levantou R$ 5,4 bilhões na oferta subsequente, que concretiza investimento da saudita Salic e da Marfrig na companhia brasileira.

A demanda pela oferta foi 20% maior que a prevista; com a demanda extra na operação, a acionista de referência Marfrig (MRFG3) permaneceu com 33,3% do capital da dona da Sadia, ante uma expectativa do mercado de que a empresa fundada e controlada por Marcos Molina montasse uma posição acima de um terço do capital.

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A BRF informou ter vendido 600 milhões de novas ações a R$ 9 por ação, um desconto de 5,6% em relação ao preço de fechamento de quinta-feira, com s recursos sendo utilizados para reduzir sua dívida, em meio a uma alta alavancagem financeira.

Com o follow-on, a empresa estima recuo de 1,3 vez em sua alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda, ou lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações). No fim do primeiro trimestre do ano, o índice estava em 3,35 vezes.

Os bancos JPMorgan, Bradesco BBI, BTG Pactual, Citi, Itaú BBA, Banco Safra, UBS BB e XP Investimentos coordenaram a oferta.

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A Guide Investimentos avalia que a conclusão da oferta é positiva para a BRF. Além de reduzir o “overhang” (pressão negativa) sobre a ação, a captação ajuda a reduzir o endividamento da empresa, que era visto como um ponto de atenção pelos investidores.

“O menor peso da dívida junto com menor pressão de custos (em função da queda no preço dos grãos) devem favorecer os resultados da BRF nos próximos trimestres”, afirma.

Já o Goldman Sachs elevou o preço-alvo das ações de R$ 6,20 para R$ 6,90, ou baixa de 28% em relação ao fechamento da véspera, mantendo assim recomendação de venda para os ativos.

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A elevação do preço-alvo pelo Goldman ocorre com a atualização do modelo para incorporar os procedimentos da oferta, com projeção de melhora das despesas financeiras líquidas em cerca de R$ 500 milhões por ano, e agora o banco vê a empresa fechando 2023 com alavancagem de 2,4 vezes.

“De acordo com os registros da empresa, a Marfrig subscreveu a totalidade de sua participação proporcional na oferta prioritária, de forma que sua fatia se manteve. Já a Salic adquiriu uma participação de 10,7% na empresa (adquirindo 30% do novo capital). Outros acionistas levaram
os 37% restantes da oferta”, reforça o banco.

O Goldman segue com recomendação de venda para as ações BRFS3 uma vez que, apesar de reconhecer uma melhora da estrutura de capital após a conclusão do follow-on, continua a ver desafios e um longo caminho para a geração de fluxo de caixa livre positivo, já que a concorrência parece ser intensificada local e globalmente, enquanto a demanda continua volátil.

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Ao mesmo tempo, o banco cita que o Brasil continua relatando dados de gripe aviária diariamente em todo o território (63 casos em 7 estados relatados, sendo que 2 casos em ave doméstica em análise nos estados de Santa Catarina e Espírito Santo, que juntos respondem por 22% das exportações brasileiras de frango).

Com a BRF potencialmente gastando mais R$ 1,2 bilhão em caixa este ano e riscos materiais de queda para as expectativas de consenso (a previsão do banco para o Ebitda da companhia para 2023 está 13% abaixo da Bloomberg), os analistas destacaram melhores perfis de risco-recompensa em Minerva (BEEF3) e JBS (JBSS3), ambas com recomendação de compra pelo banco.