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SÃO PAULO – As ações da Eletrobras acumulam os maiores ganhos do Ibovespa, com altas de 46,8% nas ordinárias (ELET3) e 33,3% nas preferenciais (ELET6). A valorização vem, em sua maior parte, na esteira de declarações de autoridades em relação à privatizações de estatais, com destaque para a companhia de energia federal com os planos de capitalização. Contudo, em meio à disparada dos papéis, os investidores se perguntam cada vez mais se a Eletrobras ainda representa uma boa oportunidade na bolsa, ou se a ação já subiu demais.
A avaliação dos analistas é de que, apesar da estratégia de capitalizar a Eletrobras seguir no radar do governo, outros projetos prioritários devem tomar a frente dos trabalhos neste ano, sendo o principal deles a reforma da Previdência. Diante de uma agenda que promete ser congestionada no Congresso, a Eletrobras deve ficar para depois – e isso pode afetar as perspectivas para os papéis da companhia no curto prazo.
“Ter um governo que já começou com essa ‘carta de intenções’ é bom, mas ainda tem muito o que fazer antes”, disse ao InfoMoney um analista que preferiu não se identificar.
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A avaliação de que a Eletrobras não está no pacote de urgências do governo é tão senso comum que Wilson Ferreira, CEO da Eletrobras, já anunciou que espera que o processo de capitalização da empresa aconteça somente em 2020.
“A capitalização precisará de aprovação do Congresso e será politicamente cara, já que a Eletrobras historicamente serviu como um veículo para os políticos. A reforma previdenciária estará à frente da Eletrobras na agenda do Congresso e, acreditamos, que provavelmente levará mais tempo para se concretizar do que inicialmente esperado pela administração”, afirma o analista do Itaú BBA, Pedro Manfredini, em relatório enviado a clientes.
Até lá, a expectativa de investidores é de que a empresa continue mostrando aprimoramento operacional, mas nada que justifique o mesmo ritmo de alta por período prolongado. Por ora, o mercado se contenta, amplamente, com a atenção dada à reforma da Previdência.
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Além de não ser a prioridade atual, a falta de informações sobre o modelo de capitalização ou de privatização da companhia também deixa os investidores sem tanto embasamento que justifique a alta.
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“A nova administração [da estatal] ainda não deu informações sobre a operação, a única exigência era de que a Eletrobras deve recuperar sua capacidade de investimentos”, destaca o time de análise do Morgan Stanley, em relatório.
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Manfredini, do Itaú BBA, acredita que a capitalização da Eletrobras seja uma referência para futuros desinvestimentos pelo governo, mas, por enquanto, avalia que a melhor opção é se manter fora das ações da Eletrobras até obter mais informações sobre o processo.
Desta forma, os analistas do banco possuem recomendação equivalente à neutra para os ativos, mas reforçam que o potencial é grande caso o processo se concretize. “Acreditamos que a Eletrobras poderia valer mais de R$ 100 bilhões após capitalização (mais que o dobro do valor de mercado atual de R$ 48 bilhões)”, estima Manfredini.
Enquanto isso, o cenário mais otimista do Morgan Stanley prevê que a ação preferencial (ELET6) alcance R$ 51 (um upside de 37%) em um cenário de privatizaçãoe corte de custos que resultaria na economia de R$ 1 bilhão depois de 2020. Mas esse é o cenário mais otimista. O cenário-base do banco é de preço-alvo em R$ 31 e recomendação underweight (estimativa de desempenho abaixo da média do mercado).
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Veja quatro recomendações para a ELET6:
Recomendação | Preço-alvo | |
Itaú BBA | market perform | R$ 35,00 |
Banco Safra | outperform | R$ 47,20 |
Santander | hold | R$ 29,22 |
Morgan Stanley | underweight | R$ 31,00 |
Fonte: Bloomberg