Eletrobras cai até 12% após fala de Bolsonaro, MRV recua 3% com prévia operacional e Camil sobe após resultado

Confira os destaques corporativos do pregão desta quarta-feira (10)

Marcos Mortari

(Divulgação/Eletrobras)

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SÃO PAULO – Confira os destaques corporativos deste pregão:

Vale (VALE3)

A Vale afirmou que vai submeter ao Conselho de Administração da companhia a proposta da segunda expansão do Complexo Minerário de Salobo, no Paraná. De acordo com a Reuters, o conselho da companhia deverá aprovar a expansão da mina em reunião no próximo dia 24.

Em nota, a mineradora ressaltou que ainda não houve qualquer deliberação sobre este projeto no âmbito do conselho e que, se houver aprovação, dependerá da obtenção das licenças necessárias.

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Eletrobras (ELET6)

O Conselho Nacional de Política Energética aprovou, na última terça-feira (9), os estudos para a retomada das obras da central nuclear Angra 3 e deverá adotar como referência nas próximas etapas do processo o preço de R$ 480/MWh para a energia da usina, em valores de julho de 2018. A nova tarifa da usina é o dobro da tarifa atual, de R$ 240/MWh. A usina tem potência instalada de 1.405 MW e sua operação vai representar acréscimo de 7,2% da energia armazenável máxima do subsistema Sudeste/Centro-Oeste, com custo mais baixo que o de demais termelétricas.

Também no noticiário da estatal, destaque para fala do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), esfriando a possibilidade de privatizações. Em entrevista ao Jornal da Band, o deputado disse que mais de 50 estatais que “dão prejuízo” podem ser vendidas ou extintas, mas fez ressalvas no caso de geradoras de energia da Eletrobras.

“Eu falei para o Paulo Guedes, energia elétrica a gente não vai mexer. A China não está comprando do Brasil, está comprando o Brasil. Você não vai deixar nossa energia nas mãos dos chineses, de terceiros”, afirmou. Bolsonaro disse admitir conversas no caso das distribuidoras, mas não na geração.

Petrobras (PETR4)

A companhia manteve o preço da gasolina inalterado para esta quarta-feira (10) em R$ 2,1889 após revisão.

Também no radar da estatal, o governo está tentando destravar a venda de ativos da companhia, principalmente a TAG (Transportadora Associada de Gás). De acordo com o jornal Valor Econômico, a ideia é usar o dispositivo da Lei do Petróleo (nº 9.478/97) para retomar as negociações mesmo sem uma decisão sobre liminar do Supremo Tribunal Federal que suspendeu a venda de estatais sem autorização do Congresso.

A Petrobras também foi assunto na entrevista de Bolsonaro ao Jornal da Band. O candidato disse que “o miolo” da petrolífera “tem que ser conservado”. Para ele, é possível privatizar refinarias, mas há que se observar o modelo.

O candidato também criticou a política de preços dos combustíveis adotada na gestão de Pedro Parente. “Você não pode ter uma política predatória para salvar a Petrobras e matar a economia”, disse. “Ninguém quer a Petrobras com prejuízo, mas também não pode ser uma empresa que usa do monopólio para tirar o lucro que bem entende”.

B3 (B3SA3)

De acordo com o Estadão, a B3 está estudando, paralelamente às mudanças no mercado de acesso, lançar um segmento de listagem específico para empresas de tecnologia. Na opinião da equipe de Research da XP Investimentos, com empresas brasileiras abrindo seu capital em bolsas dos EUA recentemente, faz sentido um movimento da companhia em fomentar o segmento. 

Direcional (DIRR3)

A Direcional divulgou a prévia operacional do terceiro trimestre e registrou o lançamento de 9 empreendimentos/etapas, todos do programa Minha Casa Minha Vida. O Valor Geral de Vendas (VGV) total de lançamentos foi de R$ 524 milhões e 3.275 unidades – um aumento de 355% em relação ao mesmo período do ano anterior.

As vendas líquidas do terceiro trimestre totalizaram um VGV de R$ 549 milhões. Deste total, R$ 230 milhões referem-se à venda em bloco de empreendimentos realizada em setembro para o FII BMAC11. Com relação ao estoque, a Direcional encerrou o último trimestre com 8.172 unidades em estoque, totalizando VGV de R$ 1,7 bilhão.

Na opinião do Itaú BBA, os resultados devem ter uma reação positiva no mercado. “Os lançamentos e as vendas vieram mais fortes no Minha Casa Minha Vida, com a companhia já alcançando suas estimativas anuais – o que implica em um potencial de alta em nossas estimativas”, escrevem.

Camil Alimentos (CAML3)

A Camil registrou um lucro líquido de R$ 79,1 milhões no segundo trimestre do exercício-fiscal de 2018 (período encerrado em 31 de agosto). O resultado é quase o dobro do registrado no mesmo período do ano-fiscal anterior.

A receita líquida, por sua vez, diminuiu 1,4% passando de R$ 1,161 bilhão para R$ 1,145 bilhão. As vendas de arroz representaram 30% da receita líquida, enquanto as vendas de açúcar (marca União) representaram 20%. As vendas de pescados (marca Coqueiro) representaram 11% e as de feijão, 5%.

Ainda no segundo trimestre do ano-fiscal de 2018, o Ebitda (Lucros Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização, na sigla em inglês) totalizou R$ 134,6 milhões, um aumento de 17,9% na comparação com o mesmo período do ano passado.

A dívida líquida, por sua vez, totalizava em 31 de agosto R$ 825,1 milhões – um aumento de 36,6% na comparação com os valores reportados no fim do primeiro trimestre (31 de maio). Desta forma, o índice de alavancagem aumentou de 1,2x para 1,8 vez.

Em relatório, o Itaú BBA comentou os resultados de Camil e reforçou que são positivos e vieram 7% acima do esperado. Os analistas optaram também por atualizar as estimativas e por manter a recomendação de Outperform (performance acima da média do mercado), com preço alvo para 2019 de R$ 11.

MRV Engenharia (MRVE3)

A MRV divulgou ontem a prévia operacional do terceiro trimestre. De acordo com a empresa, houve uma geração de caixa de R$ 237 milhões no período e de R$ 421 milhões no acumulado de janeiro a setembro. “O repasse consistente e o aumento das unidades produzidas contribuíram para um crescimento no volume de recebimentos”, escreve a companhia.

Os lançamentos aumentaram em 7,2% nos primeiros nove meses em relação ao mesmo período de 2017, enquanto as vendas tiveram um aumento de 6,3%. Para os lançamentos previstos, a companhia já possui 81% dos alvarás necessários para atingir o objetivo de 50 mil unidades.

Com relação à geração de caixa, a empresa alcançou o 25º trimestre consecutivo de geração de caixa, atingindo R$ 237 milhões no terceiro trimestre.

Na opinião do Bradesco BBI, MRV já tem projetos aprovados para serem lançados e poderia “facilmente” alcançar a marca dos 50 mil. “Porém, nós não gostamos dessa estratégia de perseguir uma meta de lançamentos, uma vez que a MRV poderia aumentar os seus inventários se as vendas não conseguirem se manter a um aumento de lançamentos tão agressivo”.

O Itaú BBA, por sua vez, afirma que os resultados devem impactar negativamente o mercado, porque”ainda não chegaram lá”. “O fluxo de caixa livre foi o destaque. Os lançamentos vieram leves e MRV precisará de uma retomada excepcional no quarto trimestre para conseguir lançar 50 mil unidades em 2018. As vendas também foram mais fracas devido a restrições de orçamento do FGTS”, escrevem os analistas.

Estatais mineiras

Candidato ao governo de Minas Gerais, o empresário Romeu Zema (Novo) tem planos para avançar com as privatizações da Cemig (CMIG4) e da Copasa (CSMG3), se consagrado pelas urnas. Em entrevista ao InfoMoney, ele disse que as medidas não seriam tomadas imediatamente, e que, primeiro, gostaria que as companhias atingissem um valor de mercado justo.

“Privatizar essas empresas (Cemig e Copasa) imediatamente não é prioridade, pelo valor de mercado delas, que não vai resolver o problema de contas do estado. Mas já quero deixá-las totalmente profissionalizadas, enxutas. Pela primeira vez, será presidente da Cemig e da Copasa quem está lá há 15 ou 20 anos, e não um deputado, como tem acontecido”, afirmou.

“Isso já vai ser excepcional para que essas empresas melhorem o desempenho. E estaremos preparando a privatização assim que o valor de mercado delas subir e remunerar melhor o estado. Esse, com toda a certeza, será o caminho”, complementou.

Na última segunda-feira (8), as ações das duas estatais saltaram mais de 15% na B3. Juntas, elas ganharam R$ 3,116 bilhões em valor de mercado no pregão. A expectativa de investidores agora é que a onda laranja seja capaz de tirar do papel um plano de privatizações destas empresas.

O horizonte para um avanço da agenda de desestatizações, contudo, ainda é desafiador. Caso eleito, Romeu Zema terá de construir maioria na Assembleia Legislativa, onde o Novo formou bancada com 3 deputados em um total de 77 assentos. O partido com maior representação na casa continua sendo o PT, com 10 assentos. Logo atrás, MDB e PSDB contam com 7 deputados cada.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.