Dos R$ 4 bi aos R$ 9 bi: Arezzo pode mais que dobrar na bolsa, mas precisa gastar a sola do sapato

Mercado internacional é chave para ação da varejista, dizem analistas do Bradesco BBI

Paula Zogbi

Publicidade

SÃO PAULO – Dona de um mercado considerável no Brasil, a varejista nacional de sapatos e acessórios Arezzo tem tudo para crescer se gastar a sola do sapato nos Estados Unidos. No longo prazo, há potencial para a empresa mais que dobrar na bolsa de valores, segundo analistas.

Com base no sucesso da varejista de moda britânica de luxo Ted Baker nos EUA, o analista Richard Cathcart, do Bradesco BBI, aposta que a Arezzo consegue seu espaço no país através do crescimento gradual da multicanalidade utilizando a marca Schutz.

Esse crescimento tende a catalisar um salto, em 4 anos, do preço da ação: hoje em R$ 43,50, o papel da empresa deve chegar a R$ 52 ainda neste ano (upside de 18%), na avaliação do BBI. Nos próximos 4 anos, o banco vê potencial para que alcance os R$ 100 – o que elevaria o valor de mercado da varejista de R$ 4 bilhões hoje para R$ 9 bilhões (upside de 125% até o fim deste período).

Continua depois da publicidade

Multicanalidade agora é obrigação

Para Mauricio Prado, vice-presidente de applications na Oracle, não há mais espaço para negar a necessidade de modernização nas empresas.

Ele defende que esta missão já deixou de ser preocupação da área de tecnologia e tornou-se papel do CFO (diretor financeiro). Este é o diretor que tem de pensar em como otimizar ganhos, vendas e gastos com o uso da tecnologia – já presente em todas as camadas da rotina do consumidor e todas as indústrias. “O empoderamento das pessoas força que todo mundo se transforme”, disse Prado em entrevista ao InfoMoney.

No caso de varejistas como a Arezzo, isso passa por um marketing digital assertivo, melhores práticas em logística e otimização de estoques, fim da “fricção” no momento da compra e multicanalidade: o conceito de integrar completamente os ambientes de vendas digital e físico. Tudo isso passa pela análise minuciosa dos dados dos clientes, obtidos em todos os momentos da jornada de consumo.

Com bom uso de estratégias neste mesmo sentido, a Ted Baker passou de US$ 20 milhões em vendas nos EUA para US$ 225 milhões, com taxa de crescimento de retorno de investimento anual (CAGR, ou Compound Annual Growth Rate) de 34%.

Foco

Embora exista há anos, a Arezzo USA se transformou em um foco mais intenso da companhia recentemente. No início de agosto, o CEO da empresa, Alexandre Birman, disse que os EUA são “a grande força de impulso por trás do nosso crescimento no futuro”.

Para investir em empresas de grande potencial, aposte na maior corretora do Brasil. Abra uma conta na XP

Para Cathcart, do BBI, o CAGR da Arezzo pode ser similar ao da Ted Baker nos próximos anos: ele aposta em 35%. A empresa fala em expansão das vendas em lojas de departamento – hoje em 28, o número de lojas vendendo Arezzo deve chegar a 90 em 2023 – e no e-commerce (de 9% a 23% do total).

Se o número de lojas próprias for mantido (com expansão de eficiência), os EUA podem representar 23% das vendas consolidadas da varejista brasileira em 2023. Caso a empresa opte por expansão mais agressiva das lojas, o que o analista considera “altamente provável”, o potencial é ainda maior.

Brasil

Também graças à inovação, o BBI está otimista com a varejista em seu mercado original – o brasileiro. As novas marcas Fiever e OWME, as vendas online e novas categorias de produtos dentro dos acessórios podem aumentar a eficiência medida pelo CAGR em 10%.  

Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney