Disney reabre parques em Orlando em meio a recorde de casos diários de Covid na Flórida

Após quase quatro meses de portas fechadas por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, o Magic Kingdom e Animal Kingdom foram reabertos

Allan Gavioli

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SÃO PAULO – No último sábado (11), a Disney retomou a operação de dois dos seus principais parques temáticos do complexo em Orlando, na Flórida. Após quase quatro meses de portas fechadas por conta da pandemia causada pelo novo coronavírus, o Magic Kingdom e Animal Kingdom estão de portões abertos para visitantes.

Os outros parques da Disney presentes no complexo – Epcot e Disney’s Hollywood Studios – devem retomar suas operações dentro de alguns dias, na próxima quarta-feira (15).

Em meados de março, os parques temáticos de Orlando fecharam as portas para evitar a propagação da Covid-19 no estado da Flórida. Porém, com a economia americana reabrindo gradualmente, o setor já começa a esboçar um retorno às atividades.

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Josh D’Amaro, presidente dos parques temáticos da Disney, afirmou que “o mundo está mudando”, mas a empresa acredita que pode voltar a funcionar de maneira segura e responsável.

“Há muita confiança aqui, tanto de nossos funcionários, quanto de nossos convidados, e temos a responsabilidade de entregar essa confiança. A Covid está aqui e nós somos responsáveis por descobrir a melhor maneira de operar de forma segura nesse novo normal”, disse D’Amaro.

Reabertura em meio ao aumento de casos

Paralelamente à abertura dos parques temáticos, a Flórida enfrenta um dos momentos mais delicados desde o começo da epidemia no país. No último domingo (12), um dia após a reabertura dos parques da Disney, o estado registou 15.300 novos casos da Covid-19 em 24 horas, mais do que qualquer outro estado americano desde que a pandemia começou.

Com os recentes números, a Flórida bateu o recorde de casos registrados em um só dia, posição anteriormente ocupada pelo estado de Nova York, epicentro da epidemia nos EUA até meados de abril.

Apesar da gravidade da epidemia no estado, Ron DeSantis, governador republicano da Flórida, possui um discurso voltado à abertura econômica da região. Mesmo sob críticas de líderes locais, o governador recomendou, por exemplo, que as escolas voltem a funcionar.

No total, segundo levantamento do jornal americano New York Times, o estado da Flórida registra 269.800 diagnósticos de Covid-19 e 4.200 mortes. Nos EUA de forma geral, país mais atingido pela pandemia no mundo, já são mais de 3,2 milhões de casos e 135 mil mortes.

Importância dos parques e o futuro da Disney

De acordo com o último balanço divulgado pela companhia em 2019, o segmento de parques temáticos, chamado de “parques, experiências e produtos de consumo”, representa cerca de 35% da receita da Disney.

Para André Kim, sócio e analista de investimentos da GEO Capital, o número expressa a importância do segmento para a companhia. “O mercado, em geral, está aliviado com a notícia [de reabertura dos parques]. Pois eles veem uma real luz no fim do túnel, porque já existem datas certas para retorno, situação que não existia meses atrás”, disse Kim ao InfoMoney.

Para Kim, a indefinição que rondava o mercado sobre o que seria do futuro dos parques foi deixada um pouco de lado, mas o analista faz ressalvas sobre como o setor pode se comportar com a queda de público, já que os parques ainda estão impedidos de operar com suas capacidades máximas.

“Por um lado essa definição de datas é boa, mas por outro, o mercado está muito cético sobre como as empresas vão ser impactadas pelas operações em menor capacidade”, explica André.

Para ele, embora o período atual seja turbulento, é fundamental tentar olhar o futuro dos parques temáticos em longo prazo já que ainda devemos ter alguns anos de operação reduzida.

“A pandemia capitaliza a mudança de hábitos de consumo de todo mundo, mas as pessoas continuarão querendo se entreter. Os parques da Disney continuam sendo um canal interessante de entretenimento físico”, avalia o analista.

Kim ainda acredita que, diferentemente do que se observou com o setor audiovisual da companhia, que conseguiu lançar filmes sem a necessidade de cinemas físicos, graças aos serviços de streaming, a experiência em um parque temático ainda não pode ser reproduzida fora dele. Em sua opinião, isso prejudica a empresa hoje, mas pode ser um trunfo no futuro pós-covid, quando o isolamento acabar, já que os consumidores estarão ávidos por experiências presenciais.

Protocolos de segurança

Para realizar a reabertura com segurança, o Walt Disney World usará protocolos de segurança sanitária similares aos adotados pela Universal Orlando, parque temático que voltou a receber o público em geral no mês passado.

Para evitar aglomerações, a orientação é que os parques só permitam a entrada de frequentadores com ingressos comprados com antecedência – as bilheterias físicas estão fechadas. Todos os visitantes devem passar por medição de temperatura corporal e quem estiver acima de 38ºC terá que se retirar.

Também estão proibidos visitantes que apresentem qualquer sintoma de Covid-19 ou que tenham tido contato com infectados nos últimos 14 dias. Entretanto, a Disney não especificou como esse controle será feito.

Assim como para funcionários do parque, o uso de máscaras no complexo é obrigatório para todos os visitantes, com exceção de crianças menores que três anos. É permitido retirar a máscara em momentos de alimentação ou em áreas de piscinas e toboáguas.

Dispensers de álcool em gel também devem ser espalhados por toda a área do parque, sobretudo nas entradas e saídas das atrações. Cartazes e avisos lembrando da importância de higienizar as mãos deverão estar sempre à vista de todos.

A Disney ainda recomenda que todos os seus visitantes evitem ao máximo usar dinheiro em espécie para fazer compras no complexo.

Além dessas medidas, o parque irá limitar o acesso dos visitantes. Em média, os parques têm aberto com 30% a 50% de sua capacidade.

Ainda assim, o número de pessoas circulando continua grande, por isso é preciso manter a atenção para evitar áreas mais aglomeradas. Um grande problema para parques temáticos no âmbito do distanciamento social são as filas.

Uma maneira encontrada para tentar garantir um espaço maior entre os frequentadores foi fazer marcações e sinalizações no piso, indicando onde cada um deve ficar enquanto aguarda para entrar no complexo, em atrações, restaurantes ou até mesmo no banheiro – mantendo, assim, um distanciamento mínimo de pessoa para pessoa.

Outro problema para o funcionamento normal do parque é o tradicional encontro entre os visitantes e os personagens das histórias da Disney. Com o distanciamento, porém, aquela foto abrancando o Mickey não está permitida.

Os visitantes não poderão mais se aproximar dos personagens, que não ficarão mais em pontos fixos, mas circularão pelo parque, para que possam ser vistos à distância.

Ficam suspensos também, até segunda ordem, eventos que possam provocar aglomeração, como os desfiles dos personagens, as queimas de fogos e os shows de luzes que costumam encerrar as atividades do dia do parque.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.