Disney inflou dados financeiros por anos, denuncia informante à SEC

A informante alega que a receita foi aumentada em bilhões de dólares, explorando deficiências no software de contabilidade da empresa

Allan Gavioli

Publicidade

SÃO PAULO – Uma ex-contadora da Walt Disney Co. registrou uma série de denúncias à SEC (Securities and Exchange Commission) alegando que a empresa inflou números da sua receita financeira por anos. A informação foi revelada pelo Marketwatch nesta semana. 

A denunciante afirma que funcionários que trabalham nos parques e resorts aumentaram sistematicamente a receita em bilhões de dólares explorando deficiências no software de contabilidade da empresa.

A informante

Sandra Kuba era analista financeira-chefe do departamento de operações de receita da Disney e trabalhou para a empresa por 18 anos.

Continua depois da publicidade

Kuba disse que se encontrou com funcionários da SEC em várias ocasiões para discutir as alegações. Procurado pelo MarketWatch, o porta-voz da SEC se recusou a comentar.

“As reclamações apresentadas a nós por essa ex-funcionária – que foi demitida por justa causa em 2017 – foram completamente revisadas pela empresa e consideradas totalmente sem mérito”, diz o porta-voz da Disney disse ao MarketWatch

A denúncia 

Os registros de denúncias da Kuba descrevem várias maneiras pelas quais os funcionários supostamente impulsionaram os números de receita da companhia, incluindo registros de receitas fictícias para rodadas de golfe de cortesia ou para hospedagens gratuitas, por exemplo.

Outra ação que Kuba descreveu em seu registro na SEC envolveu US$ 500 em vales-presente, mesmo quando os hóspedes pagaram US$ 395, graças a um desconto.

Kuba também alegou que os funcionários às vezes registravam duas vezes as receitas oriundas dos cartões-presente. A compra era registrada quando os clientes adquiriam o cartão nas lojas e quando era usado em um resort. Às vezes, a receita era registrada mesmo que um cartão-presente fosse entregue a um convidado gratuitamente, depois de uma reclamação do cliente, por exemplo.

Falhas no software permitiram suposta fraude

Kuba alega que falhas no software de contabilidade dificultaram o rastreamento. Em apenas um ano fiscal, 2008-2009, a receita anual da Disney poderia ter sido superestimada em até US$ 6 bilhões, diz o testemunho.

O negócio de parques e resorts registrou receita total de US$ 10,6 bilhões em 2009, de acordo como relatório anual da companhia arquivado na SEC.

Garanta sua estabilidade financeira. Invista. Abra sua conta na XP Investimentos – é grátis

Kuba disse ao MarketWatch que relatou pela primeira vez os supostos problemas de receita para a administração em 2013 e, após três anos sem respostas, contou suas preocupações para um executivo sênior em 2016.

O grupo de auditoria corporativa da Disney entrou em contato com ela uma vez em novembro de 2016, mas nunca fez o acompanhamento.

Kuba disse que trouxe suas preocupações para a SEC em agosto de 2017, já que, de acordo com ela, a companhia não deu atenção. Ela foi demitida da Disney cerca de um mês depois.

Ela protocolou duas denúncias adicionais desde que deixou a empresa, incluindo uma em junho passado. A mais recente alega que alguns funcionários da Disney reclassificaram a receita de hóspedes de itens com altos impostos sobre vendas, como quartos de hotel, para itens com impostos mais baixos, como alimentos e bebidas, com o objetivo de reduzir significativamente as obrigações fiscais.

O padrão de interação com a SEC sugere que o regulador está levando as alegações a sério, disse Jordan Thomas, ex-advogado da divisão de fiscalização da SEC e presidente da prática de representação de denunciantes da Labaton Sucharow.

“A SEC recebe mais de 25.000 denuncias, reclamações e encaminhamentos a cada ano, e a grande maioria não chega tão longe. O fato de a SEC ter solicitado mais informações mais de uma vez e conduzido entrevistas sugere que uma investigação está em andamento”, disse Thomas ao MarketWatch.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.