Direct Edge promete entrada no Brasil e ações da BM&FBovespa sofrem na bolsa

CEO da Direct Edge disse, em entrevista ao The Trade News, que nas próximas semanas fará pedido formal para instalação de novo mercado de ações no Brasil junto à CVM

Paula Barra

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SÃO PAULO – A bolsa norte-americana Direct Edge prometeu entregar junto à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) nas próximas semanas um pedido formal para a instalação de um novo mercado de ações no Brasil, disse William O’Brien, CEO (Chief Executive Officer) da companhia, para o site The Trade News.

A possível concorrência já estremeceu as ações da BM&FBovespa (BVMF3), que caíam 2,23% às 16h20 (horário de Brasília), sendo cotadas a R$ 13,58, enquanto o Ibovespa lutava para se firmar no positivo, mas entregava perdas de 0,19%, aos 61.960 pontos. 

Mas, segundo o analista Rodolfo Amstalden, da casa de research Empiricus, a existência de concorrência não é uma surpresa para o mercado, e o importante agora é monitorar como será essa entrada no Brasil, que, para ele, não será firmada até 2014. Em novembro, a Direct Edge anunciou plano para lançar operações no Brasil, mas os custos e a complexidade do processo atrapalharam a migração da bolsa.

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Oportunidades no Brasil
“Brasil é onde o nosso grande esforço de diversificação será guiado neste ano, e estamos muito perto de apresentar um pedido formal à CVM”, comentou. “Queremos aproveitar o crescimento do investimento no Brasil e a sede de concorrência neste mercado”, disse.

Um dos desafios será a conexão com alguma clearing, que é a contraparte para o mercado de ações e de renda fixa e responsável pela fiscalização dos pagamentos de recebíveis. O próprio executivo da Direct Edge admitiu que o sucesso da empreitada depende do oferecimento do serviço de custódia e liquidação de ordens. No Brasil, hoje, apenas a BM&FBovespa possui tal estrutura e já disse que não pretende alugá-la tão cedo. 

“Queremos trazer os benefícios da concorrência no Brasil de uma maneira que isso não aumente o risco operacional ou sistêmico”, argumentou. “A única forma de fazer isso é utilizar a infraestrutura já existente de clearing, um ponto que iremos destacar em nosso pedido”, completou.

Concorrência não chegará até 2014
Embora os primeiros passos para entrada no Brasil estejam sendo dados, Amstalden não acredita que na entrada efetiva de uma concorrência até 2014, quando a BM&FBovespa finalizará a integração das clearings. 

Segundo ele, é importante agora ver como esses novos players estão planejando entrar no mercado brasileiro, como está a legislação e a abertura para a concorrência. “O Brasil tem um grande potencial para os próximos 10 e 20 anos, e essa aproximação de novas empresas é natural. A entrada da Nyse, Bats, Direct Edge não seria uma surpresa”, afirmou. 

Contudo, ele ressalta que ainda há muitas incógnitas nesse processo, sendo o principal: como a CVM vai fazer para que a BM&FBovespa terceirize a clearing. Porém, isso poderia até servir como um driver positivo para a bolsa brasileira, pois poderia gerar uma grande fonte de receita. “Vai abrir a concorrência na parte de negociações, mas o pós-operação ficaria nas mãos da BM&FBovespa”, complementa.