Decisão da Copel sobre concessões de energia foi “uma jogada de mestre”

Para analistas, a decisão teve o objetivo preservar o valor máximo da companhia relacionado à geração de caixa e dimensão estratégica dos ativos

Nara Faria

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SÃO PAULO – A Copel (CPLE6) anunciou a decisão pela renovação dos ativos de transmissão de acordo com as novas regras estabelecidas pela Medida Provisória 579, optando, porém, por não renovar os ativos de geração de energia.

Para os analistas Marcio Loureiro e Bruno Santos, do Santander, a decisão teve o objetivo preservar o valor máximo da companhia relacionado à geração de caixa e dimensão estratégica dos ativos.

“Em nossa visão, esta foi uma jogada de mestre. A companhia atendeu a ambos, governo e acionistas”, explicam os analistas em relatório, que ressaltam que é aguardada ainda a decisão final a ser anunciada na próxima terça-feira (4). 

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Por que não renovar as concessões de geração?
Os analistas do Santander explicam que em relação à não renovação de ativos de geração, a companhia considerou a possibilidade de uma melhor geração de caixa decorrente do atual contrato, comparada a remuneração pela energia ofertada para a postergação dos ativos.

Além disso, a diretoria da Copel mitigará os impactos da MP 579 com a implementação de um programa detalhado de otimização de custos.

Para os analistas do Bradesco, Vladimir Pinto e Marcelo Sá, se a Copel decidisse antecipar a renovação para 2013, teria representado não apenas uma redução enorme na receita já para esse ano, mas também seria obrigada a comprar energia no mercado para cumprir suas obrigações contratuais.

“Além disso, a empresa precisaria operar com uma margem muito baixa duranto o período de concessão de 30 anos”, explicam os analistas em relatório.

Como resultado, a Copel optou por não renovar as concessões, e, portanto, receberá receitas na totalidade até ao termo do contratos existentes, e em seguida, retornar as concessões ao governo federal quando eles expirarem.

“Acreditamos que a decisão de não renovar as concessões de geração é positiva e faz sentido, pois tem um VPL (Valor Presente Líquido) maior do que a opção de renovação”, completam Pinto e Sá. 

… e por que renovar os ativos de transmissão?
Em relação às concessões de transmissão, os analistas do Bradesco afirmam que as novas condições estabelecidas pela Medida Provisória 591 melhoraram consideravelmente a atratividade para este tipo de operação.

“No caso de transmissão, a Copel considerou a melhor capacidade em gerenciar os custos, bem como a mudança apresentada pelo governo, a qual autorizou o pagamento de indenização adicional pelos ativos não depreciados constituídos anteriormente a maio de 2000”, confirmam os analistas do Santander.

De acordo com as regras de contabilidade IFRS, a Copel estima receber por esses ativos um montante adicional de R$180 milhões.