De pobre a bilionário: conheça o homem que criou a Amil e aposta agora na Dasa

Edson Bueno decidiu virar médico após ser atendido pelo único médico de sua cidade; o empresário vendeu a Amil e voltou ao radar do mercado após assumir o controle da Dasa

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Na tarde da última segunda-feira (10), o empresário Edson Bueno fez mais uma das suas grandes movimentações no setor de saúde. Após ter vendido a Amil por R$ 10 bilhões para a gigante norte-americana UnitedHealth em outubro de 2012, o ex-dono da companhia assumiu o controle da Dasa (DASA3), dona do laboratório Delboni Auriemo, por R$ 1,79 bilhão.

Isso após uma intensa briga com fundos de investimentos que mantinham posições da Dasa, disputa esta que começou no fim de dezembro passado, quando Bueno lançou uma oferta para comprar a totalidade das ações em circulação por R$ 15,00 por ativo. Porém, a proposta sofreu resistência de fundos de investimentos com importantes fatias na companhia, caso da Oppenheimer, Tarpon e da Petros (fundo de previdência dos funcionários da Petrobras – PETR3PETR4). Os fundos protestaram e queriam um preço maior, que variava de R$ 16,00 a R$ 18,00. Contudo, após adiar diversas vezes a OPA (Oferta Pública de Aquisição), ela finalmente ocorreu. 

E a história de Bueno, de 70 anos, é marcada por algumas adversidades, com um enredo bastante memorável para contar. Nascido no interior paulista, na pequena Guarantã, Bueno trabalhou como engraxate até os 14 anos. Mas a grande virada começou aos 14 anos, quando desmaiou depois de um saco de algodão cair em sua cabeça e ser atendido pelo único médico da cidade. Então decidiu prestar medicina. 

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Aos 28 anos, Bueno se formou pela Faculdade de Medicina da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro, depois incorporada a UFRJ e, com o diploma na mão, já passou a trabalhar em aquisições que determinaria o seu futuro promissor. O futuro empresário passou a trabalhar em uma pequena casa de saúde em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, quando recebeu a proposta para que assumisse a operação, que estava cheia de dívidas. Bueno conseguiu fazer com que a casa de saúde passasse, aos poucos, a operar no azul.  Cinco anos depois, ela se transformara na maior maternidade do Rio de Janeiro. Em seguida foram compradas as clínicas Somicol e a Santa Rita.

À medida que havia mais folga no seu caixa, o lado empresário de Bueno passou a ganhar força. Com quatro clínicas sob o seu comando anos depois de algum tempo, o empresário passou a traçar o esboço do que seria a Amil, através da criação de serviços inovadores para os usuários de seus hospitais. Para administrar as companhias, foi criada a Esho (Empresa de Serviços Hospitalares) e, após algum tempo, a São José deixou de integrar o grupo. Os recursos oriundos da Esho levaram à criação da Amil Assistência Médica Internacional, no Rio de Janeiro, em 1978. 

Com um forte crescimento, no dia 29 de outubro de 2007, a Amil estreou no Novo Mercado na Bolsa de Valores de São Paulo, tendo uma forte alta no primeiro dia do pregão. Naquele dia, o papel abriu a R$ 14,07 e fechou a R$ 16,27, representando uma valorização de 16,21%. E, depois de realizar o IPO (Initial Public Offering), Bueno seguiu com os planos de expansão, com a compra da Medial por R$ 1,2 bilhão em 2009 e, no ano seguinte, a Dasa entrou nos seus planos, ao fechar um negócio que daria início a suas movimentações na companhia.

A venda da Amil para a United Health em 2012 não fez com que Bueno saísse do cotidiano da companhia, que seguiu com participação ativa ao possui uma cadeira no Conselho da United, além de tocar a Total Care, holding que controla os investimentos diretos em outros oito hospitais no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Desta forma, Edson Bueno fez a sua fortuna, construída ao lado de sua esposa Dulce, também uma bilionária. De acordo com o ranking da Forbes, Edson Bueno é o 19º homem mais rico do Brasil. E, pelo que apontam suas recentes movimentações no mercado, ele não deve parar por aí.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.