De olho na recorrência: por que esta fintech de crédito recebeu R$ 190 milhões

Mais de R$ 200 milhões já foram emprestados pela a55 a empresas de tecnologia com receita recorrente

Mariana Fonseca

Hugo Mathecowitsch e André Wetter, da a55 (Divulgação)

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SÃO PAULO – Existem diversas fintechs de crédito brasileiras – mais especificamente, 114 delas, segundo o último Radar FintechLab. Muitas apostam em nichos para competir com as propostas das instituições mais tradicionais.

É o caso da a55. A fintech cresceu fornecendo crédito para empresas de tecnologia com receita recorrente, de clubes de assinatura até softwares como serviço (SaaS). Agora, conseguiu mais uma injeção de capital para expandir esse modelo de negócios.

A a55 anunciou um aporte de US$ 35 milhões (R$ 190 milhões na cotação atual). Os recursos foram captado com os fundos focados em fintechs Accial Capital e Mouro Capital e com a empresa de conexões empresariais E3 Negócios.

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A a55 foi criada em 2017 pelos empreendedores André Wetter e Hugo Mathecowitsch. A fintech tem uma plataforma que reúne informações como contas bancárias e faturamento das empresas de tecnologia com receita recorrente para melhorar sua inteligência de análise de crédito.

“Nosso público-alvo são os empreendedores de tecnologia que tem modelo de negócio baseado em assinatura, bem como o empreendedor de e-commerce, que trabalha com estoque e/ou com marketing digital. Existem aproximadamente 100 mil empresas do tipo no Brasil e no México”, explica Mathecowitsch ao InfoMoney. “Nós focamos em empresas de tecnologia com receita recorrente pelo entendimento do baixo risco de negócio, justamente pela previsibilidade de receita.”

A a55 já financiou empresas como Infracommerce, Mandaê e Rock Content. Foram mais de R$ 200 milhões em crédito concedido no Brasil e no México, por meio de mais de mil operações de crédito para mais de 200 empresas. A taxa de juros costuma ficar entre 1% a 3% ao mês.

“Fica em linha com a taxa oferecida por outras empresas. Mas a capacidade de refinanciamento e modalidade de crédito, com troca de dados transacionais no lugar de pedidos dos bancos por ‘garantias reais’, acaba sendo a parte mais atrativa da operação”, diz o CEO da a55.

O crédito é financiado por emissões de debêntures e por um fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC). Os investidores conseguem acessar o monitoramento do seu portfólio em tempo real em um painel da a55.

Plataforma da a55 (Divulgação)
Plataforma da a55 (Divulgação)

Fora a rodada de captação atual, a a55 já recebeu três investimentos de venture capital. As rodadas anteriores somaram US$ 10 milhões. Com o anúncio desta terça-feira (4), o total captado pela fintech sobe para US$ 45 milhões.

“A capacidade única da a55 de reunir, compreender e subscrever o risco de crédito para este segmento cria novas possibilidades de crescimento e impacto na América Latina. Seu desempenho de crédito durante a Covid-19 é uma prova da resiliência de seu modelo”, afirmou Jared Miller, CEO da Accial Capital, em comunicado sobre o investimento na a55.

A fintech usará seus novos recursos para financiar operações de crédito, principalmente no México. “A Accial Capital é especialista no mercado mexicano, que está entre os principais mercados de crédito na América Latina. O mercado mexicano também tem características similares as do mercado brasileiro quando falamos em problemas e falta de recursos para os segmentos em que a a55 já atende no Brasil”, diz Mathecowitsch.

Outro motivo é o avanço do México no compartilhamento de informações bancárias. “Muito do modelo de negócio da a55 necessita de dados, e o México ainda está um pouco mais avançado do que o Brasil nesse sentido. Já existe uma infraestrutura de Open Banking e dados públicos em relação a notas fiscais e imposto de renda das empresas, por exemplo, o que facilita a consulta de informações e a execução do nosso modelo de negócio.”

A a55 cresceu seis vezes no último ano. A perspectiva para este ano é ainda mais ambiciosa: expandir sete vezes. Em 2022, a a55 espera superar R$ 1 bilhão de crédito no Brasil e US$ 100 milhões no México.

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Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.