CSN: Recomendação do Morgan e mais 2 boas notícias guiam alta da ação, que salta 71% só em 2019

Papel acumula fortes ganhos no ano e analistas veem cenário positivo para empresa avançar ainda mais

Weruska Goeking

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SÃO PAULO – As ações da CSN (CSNA3) acumulam impressionantes ganhos de 71% em 2019 (com uma disparada de mais de 9% só nesta quarta-feira), sendo o papel com maior alta no acumulado do ano dentre os ativos que compõem o Ibovespa. 

Vale destacar que, na última segunda-feira (4), durante o feriado de Carnaval do Brasil, os analistas do Morgan Stanley elevaram a classificação do papel para overweight (expectativa de desempenho acima da média do mercado), o equivalente a uma recomendação de compra. 

“Apesar do forte desempenho das ações nas últimas duas semanas, a CSN negocia em torno de 4,8 vezes o Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] esperado para 2020, bem abaixo de sua média histórica de múltiplo de 7,1 vezes”, escrevem os analistas em relatório enviado a clientes.

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Boa parte dos ganhos do papel em fevereiro veio na esteira de bons resultados e perspectivas de elevação do preço do aço (veja mais clicando aqui). A essas expectativas otimistas, o Morgan Stanley acrescenta a estimativa de que a dívida líquida da CSN deve cair R$ 5,6 bilhões em três anos diante dos preços mais altos do minério de ferro e das vendas de ativos.

Após a tragédia de Brumadinho, o Morgan Stanley elevou sua perspectiva de preço para o minério de ferro de US$ 62 a tonelada para US$ 81 a tonelada neste ano. A menor oferta da commodity após a barragem da Mina Córrego do Feijão, da Vale, ceder deve continuar afetando os preços do minério também nos próximos anos. O Morgan Stanley elevou as projeções dos preços por tonelada para US$ 68 e US$ 62 em 2020 e 2021, ante US$ 58 e US$ 60, respectivamente. 

“Esperamos que a CSN se beneficie devido à sua exposição ao negócio de mineração (cerca de 27% de receita e de 50% do Ebitda), com um aumento de US$ 5 na cotação do minério de ferro gerando aproximadamente R$ 285 milhões de fluxo de caixa livre adicional, ou cerca de 1,6% de seu valor de mercado”, afirmam os analistas. 

Em relação a venda de ativos, o Morgan Stanley estima que a CSN consiga gerar mais de R$ 5 bilhões em caixa – como a que pode ocorrer com a venda de sua planta alemã de aço longo. Essa combinação de fatores deve fazer com que a empresa consiga se desalavancar rapidamente nos próximos anos. Com isso, os analistas do banco esperam uma redução de R$ 5,6 bilhões nos próximos três anos, sendo equivalentes a 31% do valor de mercado da companhia. 

“A combinação de pelo menos mais dois anos de resultados sólidos e mais vendas ou transações de ativos deve melhorar a liquidez da CSN e dar suporte para a renegociação de sua dívida de curto prazo a um custo mais atrativo”, observam os analistas. 

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Neste cenário, o Morgan Stanley destacou que a CSN poderia subir ainda mais, podendo chegar aos R$ 15 – valor 8,30% acima do pregão de sexta – e já sendo superado pela cotação da ação registrada nesta quarta-feira, de R$ 15,15. Com relação ao fechamento desta quarta, o preço-alvo representaria um downside de 0,99%. 

 “Acreditamos que nosso cenário básico é conservador, pois não incorporamos mais vendas/transações de ativos, apesar de nossa crescente convicção de que eles se materializarão”, explica o banco. No cenário mais positivo, os papéis da siderúrgica poderiam subir a R$ 23 – ou seja, um potencial de valorização de 66% em relação ao fechamento da última sexta e de 52% em relação ao fechamento desta quarta. Já no mais negativo, os papéis iriam a R$ 7, um downside de cerca de 54% em relação ao fechamento desta quarta.

Os riscos para o papel, segundo o Morgan Stanley, estão nas incertezas inerentes aos desinvestimentos, combinadas com preocupações macroeconômicas e políticas atuais, como a disputa comercial entre Estados Unidos e China e a reforma previdenciária no Brasil. Esses fatores poderiam adiar as vendas de ativos, complicando o pagamento da dívida e pesando sobre o desempenho das ações. 

Como destacado acima, as ações CSNA3 foram mais uma vez destaque de alta no Ibovespa nesta quarta-feira, com ganhos superiores a 9%. Além da recomendação do Morgan e da revisão da estimativa para 2019 do Ebitda ajustado para R$ 7,5 bilhões (ante projeção em dezembro de 2018 de R$ 7 bilhões para este ano), o Valor informa a siderúrgica contratou o Citi para encontrar um comprador para seu fluxo futuro de minério de ferro de US$ 1 bilhão. As boas notícias ganham cada vez mais espaço na CSN – e os papéis não param de subir.