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SÃO PAULO – Com a pandemia impondo uma nova realidade ao modelo de trabalho, a transição para o home office, como forma de driblar as limitações impostas pelas medidas de isolamento, mostrou para as empresas dos mais diversos tamanhos que é possível manter o funcionamento das atividades sem um espaço físico.
A mudança causou grande impacto no setor imobiliário, que viu uma redução significativa da ocupação de prédios comerciais e precisou fazer renegociações com seus locatários durante o período.
E a necessidade de adaptação aos protocolos sanitários, para manter a segurança e diminuir a propagação do coronavírus, impactou especialmente os coworkings, que possuem um modelo de contrato mais flexível.
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Mesmo com o cenário ainda indefinido, Claudio Hidalgo, head da WeWork na América Latina, segue otimista sobre a locação de escritórios no pós-pandemia. Em painel realizado no FII Summit – Fórum de Fundos Imobiliários, evento promovido pelo InfoMoney, na noite desta quarta-feira (23), o executivo afirmou que, com as mudanças trazidas pela pandemia, grandes companhias devem optar por um modelo híbrido de trabalho no futuro, com dias alternados em casa e no escritório.
Na conversa, mediada por Letícia Toledo, repórter especial do InfoMoney, o executivo disse que esse cenário tende a impulsionar o dinamismo e a praticidade que os novos espaços de trabalho deverão ter na nova era, com os desafios de manter a cultura da empresa presente mesmo com a ausência de um local fixo. Nessa esteira, os escritórios compartilhados podem ser a alternativa para essa nova forma de trabalhar.
“Essa flexibilização é uma oportunidade e o mercado irá se abrir completamente para nós e é aí que enxergamos muito valor no futuro. Nossos planos são mirar em empresas grandes, que eram mais tradicionais e concentravam-se em um edifício ou mantinham todos os seus funcionários em um único andar. Em todos os mercados que participamos vemos essa mudança se acelerando e agora podemos participar oferecendo espaços de coworking para empresas mais tradicionais”, disse Hidalgo.
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Futuro meio a meio
Diante desse contexto, as companhias estão em constante avaliação se vão adotar esquemas de home office alternados ou aplicá-los às equipes permanentemente.
Apesar das discussões, o executivo acredita que o modelo alternado entre o trabalho no escritório e remoto será adotado em todo o mundo, mesmo com uma vacina eficiente que garanta o retorno às atividades normais. Segundo ele, a pandemia acelerou esse processo e a tecnologia veio para transformar isso em realidade.
“A pandemia acelerou para superar todos aqueles paradigmas que tínhamos antes, como trabalhar cinco dias por semana, oito horas por dia e estar preparado para trabalhar em um escritório. Acredito que todos vão adotar um modelo híbrido, o que significa de qualquer maneira que as empresas vão passar a ter uma estrutura de trabalho diferente, como segunda, quarta e sexta em casa e terça e quinta no escritório, em qualquer escritório, em qualquer lugar”, diz Hidalgo.
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Para atender essas novas mudanças, o executivo explica que a WeWork estuda essa nova dinâmica flexível para capturar as alterações na indústria e ofertar condições que se apliquem ao novo modelo de trabalho.
“O setor imobiliário sofre o impacto disso e precisamos nos ajustar bem rápido. Já estamos preparados para isso porque tudo o que fazemos se baseia em um único guarda-chuva: flexibilidade. Temos mais de 800 edifícios em todo o mundo e os nossos membros têm acesso a qualquer um deles para trabalhar em qualquer país. Por que estamos oferecendo isso? Porque todos os prédios estão conectados. Trabalhamos para ser a solução perfeita para esse ajuste, que a flexibilidade trará”, disse.
O executivo pontua que essa tendência irá acontecer em todo mundo, embora as diferenças culturais e as legislações trabalhistas possam alterar a forma como essas mudanças serão aplicadas em cada lugar.
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“Foi provado que o trabalho remoto é possível e mais empresas querem adotar esse modelo híbrido. Eu sinto que há um ano muitas empresas não estavam nem pensando em falar sobre isso. Agora, elas experimentaram e estão avaliando. Acredito que essa tendência vai acontecer em todos os mercados porque as empresas consideram seu funcionário ainda mais valioso do que antes e esse movimento de cuidar dos funcionários passa por essa flexibilidade”, aponta.
Reesturutação
Mesmo antes da pandemia, a WeWork já enfrentava uma crise, que foi intensificada após o cancelamento do processo de abertura de capital (IPO, na sigla em inglês), em setembro do ano passado, e depois de revelações que levantaram desconfiança sobre a gestão da companhia.
Nos últimos meses, a empresa vem passando por uma reformulação da sua administração, com o objetivo de acertar as contas para seguir com seu plano de expansão. Esse processo de reestruturação, segundo Hidalgo, ajudou a companhia a enfrentar os impactos financeiros causados pela pandemia de coronavírus. A WeWork perdeu 81 mil membros de abril a junho, de acordo com informações do seu último balanço. A empresa encerrou o segundo trimestre do ano com 612 mil membros, contra 693 mil membros registrados no final do trimestre anterior.
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Claudio Hidalgo também mantém o otimismo em relação aos negócios da WeWork no futuro. Segundo ele, a companhia segue executando religiosamente os planos de tornar-se rentável nos próximos dois anos.
“Mudamos a liderança e ajustamos toda a organização, simplificando nossos processos e estrutura organizacional. Reduzimos custos em todas as regiões, não só na América Latina. Portanto, estávamos muito bem preparados para absorver os danos causados pela pandemia. Claro que houve um impacto em nossas receitas porque alguns membros diminuíram operações e alguns saíram, mas ao mesmo tempo fomos capazes de nos ajustar a essas perdas e absorver esse impacto. A disciplina da equipe de liderança para implementar o plano de cinco anos tem sido extremamente positiva em termos de resultados.”
Brasil segue no radar
Em maio, a WeWork fechou duas unidades na cidade do Rio de Janeiro, mas de acordo com o executivo, o país segue nos planos de lucratividade e expansão da empresa.
“Estamos agora em uma posição em que queremos avaliar cada uma de nossas decisões em termos de portfólio. Queremos ter o portfólio certo para garantir que cobriremos a demanda de manter o negócio lucrativo e avançando. Então, eu diria que vocês verão futuramente aberturas e fechamentos de escritórios, mas não por causa do cenário instável e sim porque é a coisa certa a se fazer do ponto de vista dos negócios”, explica o executivo.
Hidalgo afirmou que o Brasil segue sendo o maior mercado da companhia na América Latina e que o trabalho da empresa, a partir de agora, se concentrará em consolidar a lucratividade dentro da rede existente e voltar a crescer antes de partir para aquisições de outras empresas ou alugar novos espaços.
“Na América Latina, temos dois grande mercados que é o México e o Brasil. Agora, de uma perspectiva de saúde dos negócios e de crescimento, o Brasil é o nosso principal mercado na área, com certeza. Temos expectativas muitos boas com o país, que tem um dos nossos mercados mais saudáveis”, revela Claudio Hidalgo.
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