Coronavírus: Gilead libera patente e 127 países podem produzir Remdesivir

Brasil ficou de fora de lista de países que podem fabricar o medicamento, que vem sendo testado contra a Covid-19

Allan Gavioli

(Crédito: Envato)

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SÃO PAULO – A biofarmacêutica Gilead anunciou que decidiu abrir mão da patente sobre a fabricação do antiviral remdesivir, que vem apresentando resultados moderadamente positivos para o um possível tratamento contra o novo coronavírus.

O laboratório assinou uma série de acordos de licenciamento voluntário para que o remédio possa ser produzido em outros 127 países por meio de fabricantes de medicamentos genéricos. O Brasil não está na lista.

A grande maioria das nações são países de baixa renda ou países que enfrentam obstáculos mais significativos no combate à covid-19.

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“Pelo acordo de licenciamento, as empresas têm direito de receber transferência de tecnologia do processo de manufatura do remdesivir para que a produção possa escalar mais rapidamente”, afirmou a Gilead em um comunicado na última terça-feira (12).

Os acordos permitem a distribuição do medicamento sem royalties em países como Afeganistão, África do Sul, Camarões, Cuba, Egito, Honduras, Índia, Indonésia, Ucrânia e Vietnã. Além do Brasil, ficaram de fora outras nações da América do Sul. Os únicos países latinos que foram beneficiados pelo acordo foram a Guiana e o Suriname.

Segundo informações do laboratório, o acordo vale enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) mantiver o cenário da crise com o novo coronavírus como pandemia, ou até que surja uma vacina para a doença ou um medicamento mais eficaz no tratamento do vírus.

Até o momento, o acordo sinaliza que cinco farmacêuticas especializadas podem começar a produção dos medicamentos genéricos.

A eficácia do medicamento

No fim de abril, o National Institutes of Health, agência americana responsável pelo desenvolvimento de pesquisas na área de biomedicina, apresentou resultados sobre um estudo clinico realizado para estudar a eficácia do medicamento no tratamento da covid-19.

O estudo constatou que a droga foi capaz de reduzir o tempo médio de internação de pacientes em estado grave. Os dados preliminares, publicados em um comunicado no site da própria instituição, indicaram que os pacientes que receberam remdesivir tiveram um tempo de recuperação 31% mais rápido do que aqueles que receberam placebo – de 15 para 11 dias.

No dia 1º de maio, dois dias após a divulgação do estudo, a Food and Drug Administration, órgão americano de controle e supervisão de alimentos e medicamentos, decidiu liberar o uso do remdesivir em caráter emergencial e temporário, indicado para pacientes em estado grave.

O uso do remdesivir ainda não é permitido nacionalmente. Segundo informações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), representantes da Gilead conversaram com membros da agência para tratar de um possível registro, fabricação e distribuição do medicamento em território nacional na quinta-feira da semana passada (7).

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.