Construtora que caiu 97% em 3 anos na Bolsa adia grupamento após falta de quórum em AGE

Em resposta à "ameaça" da BM&FBovespa de banir ações que valem menos de R$ 1,00, muitas "penny stocks" têm anunciado grupamentos de ações, com o intuito de aumentar o valor de face de cada papel

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – Uma das empresas mais castigadas pelo mercado nos últimos anos, a construtora Rossi Residencial (RSID3) não realizará o grupamento esperado para suas ações no pregão da próxima sexta-feira (8) na Bovespa. Conforme comunicou a companhia na tarde desta quinta, a assembleia geral extraordinária que votaria sobre a proposta não foi instalada por falta de quórum. Com isso, uma nova reunião será convocada para a discussão do tema. Enquanto isso, os papéis RSID3 seguem negociados abaixo do patamar de R$ 1,00.

“De acordo com as diretrizes legais, a administração da Companhia promovera, oportunamente, a segunda convocação da assembleia geral extraordinária para examinar, discutir e votar as matérias propostas”, dizia o comunicado enviado pela Rossi ao mercado. “A assembleia geral extraordinária sera instalada, em segunda convocação, com a presença de acionistas titulares de qualquer numero de acoes com direito a voto, nos termos da parte final do art. 135 da Lei das S.A”.

Neste fechamento, os ativos RSID3 encerraram cotados a R$ 0,58 – o que corresponde a uma queda de 10,77% -, ao passo que em 6 de janeiro de 2013, valiam R$ 23,55 em valores ajustados. O movimento de desvalorização acumula o desempenho fraco do setor de construção e os efeitos nocivos da alta do dólar sobre o endividamento das empresas.

Continua depois da publicidade

Em resposta à “ameaça” da BM&FBovespa de banir ações que valem menos de R$ 1,00 na Bolsa de Valores, muitas “penny stocks” têm anunciado grupamentos de ações, com o intuito de aumentar o valor de face de cada papel através da diminuição da quantidade de ativos negociados. A operação, em um primeiro momento, é vista como positiva no sentido de trazer maior liquidez para os ativos que eram negociados próximos de R$ 0,01. Mas o que se tem visto na prática é que movimentações como essa têm aberto espaço para aquelas ações que não tinham mais como cair simplesmente voltassem a perder valor.

Segundo analistas, não é regra que uma ação vá cair após o grupamento, mas, com o aumento da liquidez decorrente das cotações terem saído dos centavos e a abertura de espaço para cair, o investidor que já estava pessimista ou o acionista que quer se livrar da ação ganham uma oportunidade de vender seus papéis encarteirados.

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.