Conheça a small cap que saiu de “quebrada” para obter até obra na Olimpíada de 2016

Em 4 anos, a Tecnosolo viveu uma reviravolta: quebrou, entrou em recuperação judicial, conseguiu dar a volta por cima e vê desde julho do ano passado suas ações subirem 400% na Bolsa

Paula Barra

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SÃO PAULO – A Tecnosolo (TCNO4), empresa de consultoria de engenharia e obras, passou por fortes turbulências nos últimos quatro anos. A empresa, que já tocou projetos importantes no Rio de Janeiro, como a Arena Multiuso do Pan-2007, foi abatida por uma crise anos atrás e precisou entrar com um processo de recuperação judicial em 2012 depois que perdeu a capacidade de pagar suas dívidas. Quebrada, a empresa perdeu credibilidade no mercado e suas ações, juntamente, naufragaram na Bolsa. Cotada acima de R$ 1 no início de 2010, a ação da empresa caiu para R$ 0,03. Mas, passado todo o sufoco e numa bem-sucedida recuperação judicial, a empresa já vê motivos para comemorar.

Além de planos mais ousados, a ação começa a se recuperar na Bovespa. Da sua mínima histórica até agora, o papel já subiu 400%, indo para R$ 0,15 no último pregão. Já nesta sessão, os papéis preferenciais da companhia fecharam com valorização de 26,67%, cotados a R$ 0,19. Além disso, também chamou atenção o volume movimentado pelos ativos, que atingiu R$ 287,9 mil, ante média de R$ 118,5 mil.

“Conseguimos dar a volta por cima”, comemora André Camacho, diretor de Relações com Investidores da Tecnosolo, em entrevista ao InfoMoney. “O mercado acompanhou essa evolução da empresa e, por isso, as ações têm subido”, explica.

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Camacho atribui o sucesso à elaboração de um plano de recuperação viável no meio da tormenta. “Depois disso, a carteira da empresa, que tinha sido duramente penalizada pela recuperação, teve capacidade para pegar projetos maiores e temos conseguido caminhar de volta a um crescimento”, disse o diretor de RI.

Do subprime às Olimpíadas
A bola de neve que atingiu a Tecnosolo começou a se formar com a crise do subprime nos Estados Unidos, em 2008, e foi estourar quatro anos depois. Como 80% de sua carteira tinha como cliente o setor público e muitos bancos foram fechados, e tantos outros tiveram que ser socorridos pelo governo, ocasionou em uma série de estagnação na indústria. Com isso, a empresa precisou socorrer à obteção de capital de giro, mas por conta da crise, as instituições se tornaram mais exigentes e o crédito começou a ficar mais escasso. Como o dinheiro não chegou, veio a quebradeira e, em 2012, a empresa entrou em recuperação judicial. 

Mas passado o sufoco, a empresa conseguiu elaborar um plano ousado na tentativa de retomar seu faturamento. Como parte do plano de recuperação judicial, a empresa criou uma subsidiária integral, a Tecnosolo Serviços de Engenharia, na qual é acionista única, com capital de mais de R$ 90 milhões. “Como a nova empresa nasceu livre de dívidas e com tal valor de capital social, ela ficou habilitada a disputar licitações públicas na ordem de R$ 900 milhões. O que foi um grande avanço para nós”, comentou. Em agosto do ano passado, a empresa conquistou uma nova carteira de serviços da ordem de mais de R$ 220 milhões, com destaque para a construção do Velódromo Olímpico para a Olimpíadas de 2016, um conjunto de obras de recuperação de encostas e canalização na região de Nova Friburgo e obras de contenção para clientes privados entre outros.

“A nova carteira de serviços e o bem-sucedido plano de recuperação judicial podem fazer com que a empresa volte ao patamar antigo e as ações retomem  em um ou dois anos. Isto é, com um faturamento na ordem de R$ 200 milhões”, disse. Em 2011, a empresa fechou com um faturamento de R$ 114 milhões e detinha uma carteira de serviços de R$ 146 milhões com prazo médio de dois anos, sendo 60% desse total composto por obras públicas, muitas delas no âmbito do PAC (Programa de Aceleração de Crescimento). 

“Temos hoje um potencial absurdo de serviços e nós temos um corpo técnico de muito qualidade para atender esses projetos. Não desfizemos de nosso maquinário e temos patrimônio para isso”, comentou Camacho. 

Fundada em 1957, a Tecnosolo destinou-se, primeiramente, aos estudos dos solos e aplicativos de tecnologias inovadoras na área. A empresa ampliou sua atuação para área de serviços especiais de engenharia nos anos 70 e abriu seu capital na Bolsa do Rio em 1973. Nos anos 80, a Tecnosolo passou a prestar consultoria de engenharia e, dentro do conceito “Engenharia Total”, entrou no ramo da construção, tendo sido responsável por obras como a arena multiuso para os Jogos Panamericanos de 2007 e de vários projetos na área de saneamento.