Conheça a small cap com “status” de Raia Drogasil e que passou batida pelo mercado por 23 anos

Empresa apresenta "clara tendência positiva de longo prazo" em vista da posição no setor farmacêutico e por conta de seus fundamentos

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Se para você o setor farmacêutico na bolsa resume-se na estrela Raia Drogasil (RADL3) – uma das ações que mais se valorizou dentro do Ibovespa nesta década -, sinto lhe dizer que você está enganado. Existe uma empresa com 23 anos de história na bolsa e que de 2011 pra cá saiu de R$ 85 para os atuais R$ 550 – alta de 550% no período, contra 450% da gigante RD. Essa empresa, no entanto, por possuir uma liquidez quase inexistente e por não fazer parte nem do noticiário corporativo nem das “rodas dos analistas”, acabou simplesmente passando batida pelos investidores.

Mas na última sexta-feira, um fato relevante publicado na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) tirou esta companhia de seis meses de “silêncio” frente ao mercado. Aproveitamos esse momento raro para apresentar a vocês a Dimed (Distribuidora de Medicamentos), mais conhecida como Panvel (PNVL3PNVL4). 

Antes das apresentações, vamos falar primeiro do fato relevante, que é muito breve mas já ajuda a entender umas peculiaridades da companhia. A Dimed anunciou que fará uma recompra de 11 mil ações ON no prazo de 180 dias, o que representa 1% do total dos papéis ordinários atualmente em circulação no mercado. Para se ter uma ideia da restrição de liquidez, os papéis ordinários negociam em média R$ 350 mil por dia, ou seja, se a Dimed resolvesse comprar estas 11 mil ações ao preço atual (que daria R$ 6,05 milhões), esse montante equivaleria a pouco mais de 17 pregões completos de negócios da PNVL3.

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Quem quiser “monitorar” essas recompras terá uma facilidade nesse processo, já que a Dimed contratou apenas a corretora do Bradesco para intermediar estas aquisições – geralmente, programas de recompra ficam distribuídos em mais de uma corretora, para dificultar o trabalho investigativo do mercado em saber se é a empresa que está atuando nas compras ou não.

Recompra de ações é uma operação comum no mercado, mas geralmente elas são uma resposta da empresa quando os papéis estão em preços bem depreciados, buscando demonstrar ao mercado toda sua confiança na recuperação e que os ativos estão baratos. Não é o caso da Panvel, que desde 2003 renovou sua máxima histórica ano após ano na bolsa, com exceção para 2008 (ano da crise do subprime) e 2014, mas que em 2017 “sofre” com uma desvalorização de 17% das ações ordinárias e estabilidade para as ações preferenciais.

Conheça a empresa
Bom, vamos agora ao histórico da Dimed: ela é uma das principais varejistas e distribuidoras de produtos farmacêuticos do Brasil, com 373 lojas espalhadas nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná. O grande foco fica com o público gaúcho: 78% das filiais estão localizadas no Rio Grande do Sul. Porém, a empresa está aumentando sua atuação e inaugurou no primeiro trimestre sua primeira loja em São Paulo.

Sobre seu mix de vendas, a empresa concentra cerca de 76% em produtos de higiene e beleza, como da própria marca (Panvel), segmento que apresentou o maior crescimento no primeiro trimestre deste ano. Seu foco de vendas é o segmento de varejo, que representa mais de 80% da receita bruta. O forte ritmo de crescimento de vendas do varejo ao longo do tempo refletiu diretamente na evolução dos números das empresa:

Para os próximos trimestres, a companhia prevê a continuidade desse ritmo de crescimento, em especial no quesito “mesmas lojas” (excluindo as vendas de lojas com menos de um ano de inauguração). Para isso, a empresa prevê a abertura de 50 lojas por anos, sendo que só no primeiro trimestre foram 34 filiais. Ou seja, podemos ver uma revisão de guidance em breve.

“Mesmo prevendo um cenário positivo para o nosso principal negócio, entendemos que precisamos ser cautelosos, especialmente com nossas despesas, para enfrentar possíveis desdobramentos da crise econômica e política que permanece em nosso país. Mas reforçamos que continuamos acreditando que o mercado apresenta boas oportunidades de negócios: a população segue envelhecendo, a renda, mesmo que se reduza, permanecerá em um patamar historicamente alto e a formalização da concorrência segue melhorando o ambiente competitivo”, afirmou a Dimed em seu resultado trimestral, divulgado em 15 de maio.

Mais potencial?

No ano passado, as ações ordinárias das empresa subiram 132%, enquanto as preferenciais 58%, devido, entre outros fatores, a uma reprecificação das ações para níveis próximos aos de outras empresas do setor, conforme aponta a Investidor Profissional Capital Partners em relatório enviado aos clientes no quarto trimestre do ano passado. Fundada em 1988 e com R$ 2,4 bilhões em ativos sob gestão, a IP possui 34,26% e 10,11% do papéis preferenciais e ordinários da Dimed, respectivamente.

Os que conhecem a Raia Drogasil identificam certas semelhanças quando comparamos com os argumentos positivos que a IP usa para avaliar a Dimed em seu relatório: a formalização do setor e o envelhecimento da população brasileira manterão os ventos favoráveis no mercado farmacêutico “por muitos anos”. Além disso, a expansão de lojas e aumento de market share deve garantir retornos marginais “ainda maiores do que os obtidos no passado”, escreve a gestora em sua carta trimestral.