Como produtores artesanais resistem à pandemia? Nova compra do Elo7 responde

Marketplace de produtos criativos anunciou com exclusividade ao InfoMoney a aquisição da Lá Vem Bebê, plataforma que organiza comemorações da maternidade

Mariana Fonseca

Artesanato (Sanketh Rao/Pexels)

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SÃO PAULO – Por mais que o e-commerce tenha dado um salto durante a pandemia do novo coronavírus, há quem aposte na digitalização das compras há mais tempo. É o caso, por exemplo, do Elo7. O marketplace de produtos criativos feitos por artesãos empreendedores foi criado em 2008 e tem 9 milhões de produtos listados.

Em 2020, o Elo7 cresceu 11% e movimentou R$ 700 milhões em vendas (GMV). Após investir no mercado de casamentos, com faturamento estimado em R$ 17 bilhões por ano pela Associação Brasileira de Eventos (Abrafesta), o marketplace foca no de nascimentos para 2021. Não é para menos: produtos e serviços para bebês movimentam R$ 50 bilhões por ano, de acordo com o Sebrae.

O Elo7 anunciou com exclusividade ao InfoMoney sua segunda aquisição de startup. Depois da plataforma de casamento online Wedy, é a vez da plataforma de chás de bebê online Lá Vem Bebê. Seus três funcionários devem ser incorporados à equipe de 150 funcionários do Elo7, ainda que as marcas continuem separadas.

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Carlos Curioni, CEO do Elo7, e Michel Zreik, CEO da Lá Vem Bebê, falaram sobre como contornaram a pandemia no último ano e sobre as expectativas de resultados para 2021.

Estratégias para superar a pandemia

O caminho para o crescimento no último ano foi atípico: as categorias mais acessadas mudaram, com decoração dando um salto e festas e casamentos sendo desmarcados ou adiados diante do isolamento social.

Em 2020, as categorias mais acessadas foram: Decoração, Festas, Bebê, Casamento e Moda. Em 2019, eram: Festas, Casamento, Bebê, Decoração e Moda. O Elo7 se monetiza por meio de uma comissão sobre as vendas.

Um primeiro esforço foi a adaptação dos produtos vendidos para a pandemia. Curioni conta que os artesãos para festas começaram a produzir kits em caixa para fazer comemorações em casa, enquanto os vendedores que atuavam na categoria de maternidade focaram em itens que não envolviam visitas aos hospitais, como enxoval, roupas e decorações para o quarto.

Uma segunda estratégia foi adotada pelo próprio Elo7. Em agosto de 2020, o marketplace adquiriu a Wedy, serviço para organização online de casamentos (de listas de presentes até transmissão online da cerimônia). A fusão teve como objetivo ampliar a distribuição, apresentando os artesãos do Elo7 como fornecedores de presentes aos usuários da Wedy. Enquanto isso, usuários do Elo7 que procurassem produtos para casamento veriam uma oferta complementar de serviços pela Wedy.

A aquisição atual da Lá Vem Bebê é um movimento na mesma direção, agora para a categoria de maternidade. Criada em São José dos Campos (São Paulo), no ano de 2016, a startup permite que a gestante crie uma lista online de presentes para o chá de bebê. O repasse também pode ser feito em dinheiro para a gestante escolher onde gastá-lo.

A Lá Vem Bebê já atendeu 90 mil usuárias e se monetiza de maneira similar ao Elo7, cobrando uma comissão por cada produto adquirido por meio da lista online. Com comemorações restringidas pela pandemia, as listas de presentes online ganharam força em 2020. “Tivemos uma queda grande em vendas em março, mas adaptamos nossa comunicação e falamos com a gestante que estava chateada em não poder mais organizar um chá de bebê. De abril em diante, crescemos. Encerramos o ano com 20 vezes mais volume transacionado na plataforma”, diz Zreik.

Michel Zreik, CEO da Lá Vem Bebê (Divulgação)
Michel Zreik, CEO da Lá Vem Bebê (Divulgação)

As conversas com o Elo7 começaram em janeiro de 2020, para uma parceria comercial. “Vimos com bons olhos algo mais aprofundado, depois de ver uma oportunidade de complementar nosso atendimento às mães. Bebê é nossa terceira categoria em vendas, com 280 mil compradores únicos em 2020. Temos um alcance grande nesse mercado, com produtos, mas não com serviços agregados. A ideia é oferecê-los agora”, diz Curioni.

As marcas continuarão separadas, assim como aconteceu com a Wedy. Segundo Curioni, as aquisições reforçam uma estratégia do Elo7 de acompanhar, com produtos ou serviços, o cliente em diversas fases da vida. “Estamos no aniversário, no casamento e na maternidade. Temos consumidores que estão há dez anos comprando conosco”, diz o CEO.

2021 para o Elo7: retomada volátil, mas esperançosa

Segundo Curioni, ainda há um cenário volátil sobre a vacinação contra Covid-19 e retomada dos eventos públicos. “Esperamos um primeiro semestre reprimido, mas compensado por um segundo semestre de retomada forte. No ano, calculamos um crescimento de 40%”, diz o CEO do Elo7.

Carlos Curioni, CEO do Elo7 (Divuglação)
Carlos Curioni, CEO do Elo7 (Divuglação)

Os esforços em tecnologia serão concentrados principalmente em garantir a transição do consumidor entre o Elo7 e as startups adquiridas. “Mudamos fluxos de compra, criamos mensagens personalizadas e estudamos a localização correta das publicidades, por exemplo. Temos de oferecer um serviço adicional sem impactar a experiência que os consumidores já têm no Elo7”, diz Curioni.

Na Lá Vem Bebê, o desenvolvimento será parecido. “Temos de receber a gestante que vem do Elo7 de maneira diferenciada. Ainda estamos desenhando qual será o produto, por exemplo, uma lista de presentes que tenha algum benefício. Também vamos além do chá de bebê, criando listas para os primeiros aniversários dos bebês”, diz Zreik. Apenas a unidade da Lá Vem Bebê projeta dobrar seu volume transacionado em 2021.

Mariana Fonseca

Subeditora do InfoMoney, escreve e edita matérias sobre empreendedorismo, gestão e inovação. Coapresentadora do podcast e dos vídeos da marca Do Zero Ao Topo.