Como criar empresas inovadoras na instabilidade, segundo Gustavo Caetano

Para o fundador da maior plataforma de vídeo da América Latina, inovação não tem a ver com criar novos modelos de negócios e nem com tecnologia

Letícia Toledo

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SÃO PAULO – No ambiente empresarial, o conceito de inovação é rotineiramente associada à invenção de novos modelos de negócio. Mas para o empreendedor Gustavo Caetano, esse é um grande erro.

“Esse modelo é um tipo de inovação, que é a inovação disruptiva, mas não é o único. Não saber disso, distancia as empresas de pensar inovação”, afirmou em live realizada no Instagram do Do Zero ao Topo — marca de empreendedorismo do InfoMoney. Confira um trecho da entrevista no vídeo acima.

Caetano é fundador da Sambatech — hoje a maior plataforma de vídeo da América Latina. Sua trajetória empreendedora começou em 2004, licenciando e vendendo joguinhos para celular. Três anos depois, ele percebeu que seu negócio estava prestes a morrer e precisou pensar e estudar muito sobre inovação para encontrar uma nova avenida de crescimento.

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“Inovação tem muito mais a ver com simplificar as coisas do que com inventar coisas novas”, afirmou. A entrevista com Caetano faz parte de uma série de lives do Do Zero ao Topo no Instagram intitulada “Decolando em 2021”. O objetivo é trazer lições sobre estratégia de negócios e gestão para quem busca empreender ou aperfeiçoar seus negócios em 2021. Entre os convidados das próximas semanas estão Caito Maia, fundador da varejista de óculos e acessórios Chilli Beans, e Guilherme Benchimol, da XP Inc.

Para Gustavo Caetano, um outro grande erro no mundo empresarial é atrelar inovação ao uso e criação de novas tecnologias. “A Reserva [varejista de roupas], por exemplo, inovou na experiência do cliente na loja, oferecendo um ambiente agrádavel e com cerveja disponível. As empresas também podem inovam utilizando as tecnologias que já existem para cortar atritos com os clientes”.

Segundo ele, na busca por inovação, é importante que o empreendedor se faça duas perguntas: Se o que está fazendo de alguma forma está melhorando a vida das pessoas e se o seu negócio está resolvendo problemas que não precisavam existir.

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Inovação em grandes companhias

Caetano, que integra conselhos de inovação de grandes empresas como a multinacional ArcelorMittal e a varejsta C&A, defende que empresas já consolidadas dividam seu tempo e esforços em três partes. Na maior parte, 70% do tempo, os líderes devem focar em pensar como tornar seu negócio principal mais eficiente. Outros 20% do tempo seriam dedicados para pensar em estratégias e serviços que agreguem mais valor ao redor do negócio principal. Os 10% restantes deveriam ser dedicados a testar e escalar coisas totalmente deiferentes do negócio tradicional e capazes de mudar o mercado.

“Muitas companhias focam nas primeiras duas partes, mas não fazem a terceira”, disse. Caetano ressalta que foi justamente criando tempo para testar novas ideias que a Netflix, inicialmente focada no aluguel de DVDs por correios, descobriu que havia um interesse de clientes por um sistema de streaming de conteúdo. “Inovação tem a ver com criar processos para que a pensar inovação seja algo natural”.

“Empresas tradicionais têm medo de inovar porque têm receio de que o novo que estão trazendo mate o seu negócio. A questão é que você deveria estar criando as coisas que vão mata o seu negócio”, defendeu. Confira a live completa no Instagram do Do Zero ao Topo.

Letícia Toledo

Repórter especial do InfoMoney, cobre grandes empresas de capital aberto e fechado. É apresentadora e roteirista do podcast Do Zero ao Topo.