Com caixa reforçado, PetroReconcavo investe US$ 138 mi na compra de campos no Nordeste

Empresa levantou R$ 1,03 bilhão em junho e mira aquisições de áreas próximas ao seu núcleo de operação; ação sobe mais de 4% nesta quarta

Rikardy Tooge

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A PetroReconcavo (RECV3) anunciou na manhã desta quarta-feira (28) a compra da Maha Brasil, que detém seis concessões de exploração de petróleo e gás no Nordeste por US$ 138 milhões (R$ 728,6 milhões na cotação atual). Com o caixa reforçado por um follow-on recente, a companhia mira aquisições de campos vizinhos para obter eficiência operacional e menor risco exploratório.

Na transação divulgada nesta quarta, a PetroReconcavo assume os 75% de quotas que a Maha possui Campo de Tartaruga, localizado na Bacia de Sergipe (os 25% restantes são da Petrobras (PETR3; PETR4)), e a totalidade da operação do Campo de Tiê e dos blocos exploratórios localizados na Bacia do Recôncavo, na Bahia.

Adicionalmente, os vendedores terão o direito a receber eventual earnout de até US$ 36,1 milhões, o que pode jogar o negócio para mais de R$ 900 milhões.

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A partir do closing do negócio, a PetroReconcavo deverá adicionar cerca de 16,7% em sua produção diária de petróleo, de 13,5 mil barris para 15,8 mil barris por dia. Já o aumento de gás natural deverá ser pequeno – um acréscimo de 46 mil m³ de gás por dia a uma média de 1,5 milhão de m³ diários.

Segundo a sueca Maha Energy, dona da operação brasileira até então, a transação está alinhada com a nova estratégia de gestão de portfólio da companhia. “A operação proporcionará liquidez e reservas de caixa necessárias para […] novos investimentos e aquisição”, disse a empresa, em comunicado.

A PetroReconcavo poderá adicionar cerca de R$ 400 milhões em receita anual se capturar todas as sinergias do negócio. Nos últimos 12 meses, a Maha Brasil faturou US$ 78 milhões (R$ 411,8 milhões), com o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) de US$ 62 milhões (R$ 274,6 milhões).

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Para o Itaú BBA, a aquisição deverá ser uma via alternativa de crescimento para a empresa após o programa de desinvestimentos da Petrobras, além do benefício operacional que a PetroReconcavo vai obter nos campos da Bahia. “Acreditamos que tem potencial para gerar R$ 5,0-6,4 por ação (+16% a +21% no fechamento de ontem)”, disseram os analistas Monique Greco e Eric de Melo, em relatório.

Estratégia

Em entrevista ao InfoMoney no início de dezembro, o diretor de regulação e novos negócios da empresa, João Moreira, já havia dito que a estratégia de aquisição mirava concessões próximas ao seu núcleo de exploração, hoje concentrado no Recôncavo Baiano e no litoral norte do Rio Grande do Norte – a compra em Sergipe marca a entrada da companhia em um estado vizinho aos atuais.

“Para nós faz sentido expandir a operação em bacias vizinhas aos nossos locais de exploração porque traz eficiência operacional e captura de sinergias. Além disso, são blocos já comprovados, com risco exploratório menor”, frisou o executivo.

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Caixa reforçado

Vale destacar que o caixa da companhia já vinha reforçado de um follow-on realizado em junho, quando levantou R$ 1,03 bilhão para financiar a compra do Polo Bahia Terra, no qual a oferta em conjunto com a Eneva foi a vencedora do leilão.

No entanto, o certame está sendo questionado na Justiça e não há previsão sobre o closing do negócio. Para além disso, no início do mês, a Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) interditou da operação de 37 instalações terrestres do local, o que trouxe mais um empecilho ao negócio.

Além do reforço de caixa, a empresa multiplicou por 15,8 vezes a receita obtida na operação de gás natural neste ano – de R$ 69,4 milhões para R$ 1,1 bilhão –, ofertando mais vigor à saúde financeira da empresa.

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Moreira afirmou que o acréscimo de receita diminui a necessidade de endividamento da companhia para expandir sua operação de petróleo, que é mais lucrativa, mas também demanda mais investimentos. “Cria-se um círculo virtuoso para a companhia e aumenta nosso interesse por novos projetos. O petróleo é o negócio mais importante, mas já é possível dizer que o gás está se aproximando”, reforça o executivo.

No trimestre encerrado em setembro, a companhia não possuía alavancagem financeira – a PetroReconcavo terminou o período com caixa líquido positivo em R$ 84,1 milhões – em linha com outras junior oils, como Prio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3).

Nos nove primeiros meses deste ano, a PetroReconcavo viu sua receita subir 191%, para R$ 2,2 bilhões, com lucro líquido de R$ 744,7 milhões no período (alta de 612%). O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, em inglês) avançou 206%, para R$ 1,2 bilhão.

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RECV3 na Bolsa

Após a notícia da aquisição, os papéis da PetroReconcavo abriram em forte alta na B3. Por volta de 15h50, as ações da companhia subiam 5,23%, a R$ 32,57. No ano, os papéis acumulam alta de 75,4%, sendo uma das poucas novatas da Bolsa (a empresa abriu capital em 2021) a registrar resultado positivo em 2022.

Stock Pickers

Em outubro, o Stock Pickers conversou com a Mar Asset, conhecida como a “gestora dos gestores”, que investe na companhia. Atualmente, 20% do fundo está concentrado em energia, tendo como principal posição a PetroReconcavo.

De acordo com Philippe Perdigão, gestor do fundo, “a empresa não é uma Junior Oil do mesmo grupo que todas as outras” e está uma precificação muito baixa. Veja mais no vídeo abaixo:

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br