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SÃO PAULO – Mesmo estando pouco presente no noticiário corporativo, a Sabesp (SBSP3) conseguiu se destacar na BM&FBovespa nesta primeira metade de 2012. Passando de R$ 49,98 para R$ 77,00, o papel SBSP3 teve alta acumulada de 54,05% entre janeiro e junho, o melhor dentre aqueles que fazem parte da composição do Ibovespa – o principal índice de ações da bolsa, por sinal, terminou o 1º semestre com queda de 4,23%.
Mesmo com poucas notícias envolvendo a empresa paulista de saneamento, um grande evento foi de fato comemorado pelos investidores: a revisão das tarifas cobradas pela companhia. O assunto, que já era abordado pelo mercado desde o final do ano passado, ganhou mais forças em maio durante a teleconferência dos resultados do primeiro trimestre da Sabesp.
No evento, o diretor financeiro da empresa, Rui Affonso, afirmou que a maioria das propostas foram aceitas pela Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo), embora o ciclo tarifário de cinco anos não tenha sido aprovado, ficando estabelecido o prazo de quatro anos. No mais, ele disse que com a nova metodologia, a empresa pode fazer pedido extraordinário a qualquer momento e motivo, caso a empresa entenda que ocorreu um movimento macroeconômico indesejável, pode-se solicitar revisão.
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Analistas confiantes com a empresa
Embora o resultado da revisão tarifária ainda não tenha chegado a uma conclusão final – a divulgação, que antes era prevista para agosto, foi postergada no começo do ano para novembro -, muitos analistas já trabalham com possíveis mudanças de cenário desde o começo do ano. Em maio, o Barclays elevou o preço-alvo esperado para SBSP3 de R$ 76 para R$ 89, ressaltando que novas revisões positivas poderiam ser anunciadas em breve de acordo com as notícias do setor.
Segundo os analistas Francisco Navarrete, Tatiane Shibata e Giovanna Siracusa, que assinavam o relatório do banco inglês na época, ainda há espaço para maior valorização dos papéis da companhia, mesmo com a alta performance até o momento – na época, os ativos da empresa já haviam subido 48%, contra alta de apenas 10% do Ibovespa. Vale ressaltar ainda que o próprio Barclays já havia anunciado um aumento no preço-alvo da Sabesp em fevereiro.
Na mesma linha, a Omar Camargo Investimentos iniciou a cobertura das ações da Sabesp na metade de junho, atribuindo a recomendação de compra para elas. O preço-alvo projetado por eles para o final do ano é de R$ 87, o que representa um potencial de valorização teórico de 12,99% sobre a cotação de fechamento atual.
O analista Felipe Rocha, que assina o relatório da Omar Camargo, chama atenção para a migração do fornecimento dos serviços prestados no atacado para o varejo e também para a redução de perdas mais acelerada. Sobre esse segundo fator, ele ressalta que a Sabesp tem como meta atingir um patamar abaixo dos 20% nos próximos anos, está ao redor de 26% nos últimos trimestres.
Perfil defensivo também colabora
Além dos drivers positivos envolvendo a empresa, o analista da Omar Camargo também ressaltou os fundamentos defensivos da Sabesp, que costumam ser valorizados pelos investidores em momentos de maiores incertezas em relação ao futuro da economia. Com uma demanda que sofre pouca variação mesmo em momentos de crise, a companhia paulista apresenta uma geração de caixa mais previsível, o que traz maior segurança na hora de traçar projeções para os próximos resultados.
Esse perfil conservador da Sabesp pode ser percebido na própria performance das suas ações na bolsa. Apesar de ter sido a maior alta do Ibovespa no semestre, os papéis da empresa não figuraram entre as maiores valorizações mensais do índice em nenhum dos seis meses desse ano. No entanto, ele subiu em cinco desses seis meses, mostrando uma queda modesta apenas em maio – variação negativa de 5,12%.
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As outras empresas de saneamento listadas na BM&FBovespa também tiveram forte alta. Os papéis da Copasa (CSMG3) tiveram ganhos de 33,27% entre janeiro e junho, terminando cotados a R$ 43,50. Essa alta não superou os ganhos dos ativos da Sanepar (SAPR4), que avançaram 75,35%, terminando o 1º semestre cotadas a R$ 7,85.
Outros destaques
Outras empresas com caráter defensivo também figuraram entre as maiores valorizações do Ibovespa nesse primeiro semestre. É o caso da Cielo (CIEL3, R$ 59,08, +50,12%), Cemig (CMIG4, R$ 37,53, +46,76%) e Ultrapar (UGPA3, R$ 45,20, +43,10%), respectivamente a segunda, quarta e quinta maior alta do mês.
Outra que se despontou no semestre foi a TAM (TAMM4), que avançou 46,92%, no embalo do seu processo de fusão com a LAN, que chegou ao seu desfecho com a oferta de permuta dos papéis das duas empresas e que resultará na criação da Latam Airlines. Vale mencionar que os papéis da companhia aérea brasileira subiram 20,30% em junho, sendo a maior valorização do Ibovespa no período.