O atual cenário de juros altos e restrição de crédito no mercado brasileiro é um ponto de atenção, mas não deve frear a estratégia de reciclagem de ativos da Log Commercial Properties (LOGG3), na visão de André Vitória, CFO da companhia. Ao InfoMoney, ele disse que a qualidade dos galpões logísticos da companhia ainda desperta interesse dos compradores, embora eles estejam mais seletivos.
“Os compradores estão mais seletivos. A gente vê o interesse mais concentrado em grandes fundos de investimento ou grandes investidores institucionais. Mas, em relação aos ativos da Log, a demanda continua grande. A gente pretende continuar executando essa estratégia de reciclagem de ativos em patamares maiores e cada vez mais rápidos do que aquilo que a gente já vem fazendo ao longo dos últimos quatro anos”, afirmou.
Ele participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.
O executivo enfatizou que a Log “é muito mais que uma empresa de properties“, ou seja, não obtém receita somente das alocações de seus ativos, mas principalmente da venda de unidades para a posterior construção de mais ABL (área bruta locável). Em 2022, a companhia vendeu cerca de R$ 420 milhões em ativos, com margem em torno de 33%. “Esse é no nosso modelo de negócios. Vamos continuar reciclando para captar recursos para o nosso plano de crescimento”, disse.
Vitória comentou ainda que o e-commerce segue sendo uma área importante para a companhia, que continua crescendo. “Quando a gente fala do e-commerce puro, dos grandes players de e-commerce, eles estão sendo mais seletivos em relação à expansão, mas a grande maioria dos segmentos hoje já explora o e-commerce de uma maneira no mínimo indireta. Isso tem sido um dos fatores que contribuem para o nosso crescimento e a gente imagina que vai continuar contribuindo, principalmente dadas as dimensões continentais do Brasil”, avaliou.
Sobre a carteira de clientes da companhia, o CFO disse que ela vai continuar expandindo para empresas que percebem a importância da qualidade de um galpão logístico “classe A” em suas operações. O índice de renovação de contratos ao final de 2022 ficou acima de 90%. “Cada cliente vem apresentando uma negociação distinta devido ao seu tamanho”, disse, referindo-se ao repasse da inflação sobre o valor dos contratos.
O CFO falou ainda sobre fundos imobiliários e a relação com a companhia. “Os grandes fundos têm apetite e vêm conversando conosco de forma recorrente. É uma importante fonte para a companhia poder seguir com sua estratégia de reciclagem de ativos. Sobre o fundo imobiliário exclusivo que a Log tem uma participação, ele pertence a essa instituição financeira, a Log apenas vende ativos para essa instituição. (…) O mercado de fundos deve retomar a medida que a gente tiver mais transparência sobre as regras tributárias e a reforma que deve vir”, disse.
A posição de caixa relevante é algo que a Log se preocupa em ter, segundo o executivo, para conseguir enfrentar o cenário atual. “A gente não pretende, no entanto, aumentar nossa alavancagem, porque a gente entende que o recurso que gera mais valor para nós é a reciclagem de ativos. Vamos manter a alavancagem nos patamares que ela se encontra hoje”, afirmou. Vitória falou ainda sobre o controlador da Log e a relação entre as empresas controladas por ele, riscos, política ESG (meio ambiente, social e governança), entre outros assuntos. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.
