Carlos Ghosn comenta ideia de filme retratando sua fuga: “Por que não?”

Ghosn, ex-CEO da Nissan, alega inocência de todos os crimes imputados e está atualmente no Líbano, proibido de deixar o país

Allan Gavioli

O ex-CEO da Renault-Nissan. (Wikimedia Commons)

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SÃO PAULO – Em uma entrevista à CBS News, emissora americana de televisão, o ex-CEO da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, se descreveu como um “fugitivo da injustiça” e deixou em aberto uma possível adaptação da sua história para as telas do cinema.

Durante a entrevista, Ghosn disse que Hollywood entrou em contato com o intuito de realizar uma produção cinematográfica sobre sua história de vida. Quando questionado pelo repórter sobre a possibilidade real desse filme ocorrer, o empresário respondeu: “Por que não?”, deixando indícios que um filme sobre a sua fuga não está descartado.

No entanto, Ghosn não deu qualquer outro detalhe sobre um suposto contato de Hollywood e não tocou mais no assunto durante o resto da entrevista.

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Fuga digna de filme

No fim de 2019, Ghosn fugiu do Japão enquanto estava em prisão domiciliar na cidade de Tóquio. O empresário foi acusado por executivos da Nissan e, posteriormente, pela promotoria japonesa, de ocultação de patrimônio, uso indevido de ativos da companhia e outros crimes financeiros.

Com uma história de fuga digna de se tornar um filme, o nome do empresário foi vinculado algumas vezes com produtora de filmes.

À época da fuga, no começo de janeiro, o jornal francês Le Monde afirmou que Ghosn teria um contrato assinado com a Netflix para transformar a história em uma produção cinematográfica. Em uma entrevista ao Bussines Insider, a empresa negou qualquer tipo de relação com o empresário por meio de um porta-voz.

Mas houve outras tentativas de trazer a vida de Ghosn para as telas. Antes mesmo de fugir, no começo de dezembro, enquanto aguardava julgamento em sua casa, Ghosn teria sido procurado pelo produtor americano John Lesher.

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Segundo informou o The New York Times, o tema do filme em questão seria sua ascensão como empresário, a industria automobilística e o sistema judicial japonês, que possui uma das maiores taxas de condenação do mundo.

Histórico

Segundo a NHK, rede pública de televisão do Japão, Carlos Ghosn deixou sua casa na cidade de Tóquio no dia 29 de dezembro à tarde e se encontrou com duas pessoas em um hotel a menos de 1 km de distância.

A linha de investigação da polícia japonesa acredita que Ghosn pegou um trem bala até o a cidade de Osaka. Na cidade, Ghosn e os dois acompanhantes pegaram um táxi até um hotel próximo do Aeroporto Internacional de Kansai.

Por volta das 22h30, os dois cúmplices deixaram o hotel e rumaram para o aeroporto. Ambos carregavam diversas malas e Ghosn não estava com eles. Nesse ínterim, o empresário deve ter embarcado em um jato particular e ido primeiramente para a Turquia, para então chegar ao Líbano na manhã do dia 30 de dezembro. As informações são da NHK e da AFP, com base em relatos da polícia japonesa e do time de investigação. Há ainda boatos que o ex-CEO entrou em uma caixa com furos para respiração no fundo.

O The Wall Street Journal reportou que investigadores turcos encontraram uma mala enorme em um dos jatos utilizados para a viagem, o que corrobora a ideia que Ghosn viajou dentro do objeto. O empresário possui as nacionalidades brasileira, libanesa e francesa.

Ghosn não quis falar sobre a suposta caixa em que fugiu do Japão e não confirmou à CBS News se o boato era verdadeiro ou falso. O ex-CEO também não quis comentar se algum americano o ajudou em sua saída do Japão, mas disse que fugiu porque achava a prisão uma “injustiça”.

Ele afirmou que sabia dos riscos que assumiu ao colocar o plano em prática, mas não deu detalhes sobre os passos do esquema. Além disso, o empresário afirmou que planejou sozinho a fuga e que teve ajuda de pessoas pontuais para “operar” alguns serviços.

“Eu sabia que, se eu estivesse colocando as pessoas ao meu redor, não apenas elas estavam correndo um risco, mas também o risco de acontecer qualquer boato ou vazamento ficaria muito alto. Eu tive que trabalhar sozinho, junto com algumas pessoas para operar, entende? Não havia mais ninguém”, contou Ghosn à reportagem da CBS News em sua casa no Líbano.

Ele reafirma que há muitos boatos sobre o que aconteceu, mas só ele conhece todos os detalhes da fuga. Ghosn refere-se a si como um “fugitivo da injustiça” e teceu severas críticas ao sistema judiciário do Japão.

Ghosn alega inocência de todos os crimes imputados e está atualmente no Líbano, proibido de deixar o país.

“Não me sinto mal com isso, por conta da maneira como fui tratado e a maneira como encarava o sistema. Francamente, não sinto nenhuma culpa.”

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Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.