De olho no porta a porta: UPS ganha mercado na crise e aposta nos automóveis para crescer mais

Nadir Moreno diz que UPS aproveitou a crise para ganhar mercado e aposta nos automóveis para acelerar crescimento

Equipe InfoMoney

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A erupção de um vulcão na Islândia, a ocorrência de um furacão em Miami ou o agravamento de tensões militares em qualquer região do mundo não podem escapar do radar de informações que, 24 horas por dia, nos sete dias da semana, a executiva Nadir Moreno precisa dominar. Como presidente no Brasil da UPS, maior empresa de transporte especializado e serviço de logística do planeta, com mais de 400 mil funcionários em 220 países, ela monitora com lupa as exportações e importações da indústria nacional. Mais do que de porto a porto, suas preocupações são de porta a porta.

“É um trabalho em que a informação é fundamental”, resume Nadir, que ocupou postos estratégicos nas áreas de recursos humanos e logística da UPS até chegar, em 2007, à presidência da companhia. Nesta condição, vem liderando a UPS na complexa jornada de manter o histórico de crescimento continuado no Brasil, ainda que a crise jogue contra.

“Os dois últimos anos foram de ajustes e enfrentamento diário da crise, por meio da oferta de novos serviços e realização de campanhas junto aos clientes”, resume ela. “Este ano, depois de muita lição de casa feita, voltamos a crescer na casa dos dois dígitos, resgatando nosso padrão de crescimento no País”, comemora a executiva, que integra o conselho do LIDE Mulher.

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Nadir explica que o volume de negócios da UPS no Brasil costuma correr em linha com o andamento do PIB. Esse movimento, porém, não se dá automaticamente, e sim por meio de muito estudo de situação e criação de estratégias. Quando o PIB sobe, fica mais facilitado, mas quando desce, o desafio, naturalmente, é maior. “A pressão aumenta bastante”, reconhece Nadir. 

No embate com a crise, a UPS enfrentou, nos últimos dois anos, o declínio das exportações dos setores automotivo e de tecnologia, enquanto soube aproveitar o crescimento de negócios no setor de saúde e a expansão das pequenas e médias empresas. “Dedicamos muita energia em cima da ativação desses setores, sempre na crença de que a crise embute muitas oportunidades”, conta a executiva. “O resultado foi um ganho de mercado. Agora, com a retomada do setor automotivo, a projeção para nós é de crescimento mais acelerado.”

Em outra parte dessa estratégia, a UPS procurou seus clientes para mostrar os benefícios, em termos de redução de custos, que o transporte marítimo leva sobre o aéreo. O tempo maior no transporte foi amplamente compensado pela economia em recursos, estimada em mais de 50%, a depender de caso a caso. Num primeiro momento, as respostas positivas à alternativa atingiram perto de 20% do universo contactado pela companhia. “Tivemos um excelente retorno para esta alterantiva”, sauda Nadir. “Na maré de dificuldades intrínsecas à crise, nossa obrigação é a de oferecer soluções para cada situação. As alternativas que apresentamos têm sido muito bem recebidas por nossos clientes”, completa, lembrando que a UPS possui não apenas uma grande frota de entrega, mas também uma companhia aérea dedicada exclusivamente a cargas.

Mantendo a aposta na recuperação econômica, a UPS inaugurou, nos últimos meses, dois grandes centros logísticos de armazenamento no interior dos estados de São Paulo e Goiás. A intenção é dar agilidade à captação de mercadorias tanto na rota da exportação, quanto na da importação. “O interior paulista está recebendo cada vez mais grandes empresas. O que fizemos foi nos manter perto dessa clientela”, explica a presidente.


Unidade da UPS em Cajamar (SP), inaugurada em 2014 com mais de 15 mil m2

Além de abrir grandes linhas estratégicas para o negócio, a CEO também precisa atuar para desenvolver, de modo permanente, soluções customizadas para cada cliente. O foco da UPS é o conhecido B2B – Business to Business –, mas hoje seu portfolio também agrega pessoas físicas. Com as pequenas e médias empresas, por outro lado, abriu uma frente de negócios com produtos de menor valor agregado. Hoje, o portfolio da companhia abriga mais de 300 itens. Entre eles, a tecnologia de rastreamento das remessas, com pré-alertas, gerando 100% de visibilidade das cargas, um departamento próprio de desembaraço aduaneiro, para agilizar processos e reduzir o tempo gasto com a burocracia, mais de 3 milhões de m2 de espaço em armazéns e seguro de cargas por meio da UPS Capital.

“Temos um guarda-chuva completo para cada tipo de cliente”, compara Nadir. “Nosso trabalho é muito o de ir até o cliente, entender suas necessidades de transporte e oferecer a solução completa, tanto logística quanto jurídica, para suas demandas.” Nesse sentido, à medida em que tem contato tanto com quem vende como com quem compra, os representantes da UPS conseguem, até mesmo, indicar mercados e nichos de compras para quem usa seus serviços de transportes. “A troca de informações é constante, sempre no sentido de facilitar e ampliar os negócios. Muitas vezes ajudamos os nossos clientes muito além do que eles imaginavam no início do relacionamento comercial”, conta.

Para exercer toda essa agilidade, Nadir começa seu dia de trabalho obtendo informações detalhadas, publicadas na mídia, sobre movimento no setor de logística – e não deixa de estar atenta às iniciativas de seus concorrentes. “A competição é sempre muito saudável”, comenta. A partir daí, seu trabalho é muito o de dar suporte para as diferentes áreas da empresa, usando sua experiência a favor da solução dos problemas do dia a dia.