Cadastro Positivo obrigatório aumentará receita da Serasa Experian em R$ 5 bi, estima Morgan

Baixa penetração do crédito no Brasil e novas oportunidades para a vertical de análise para a empresa são destaques

Paula Zogbi

(Pexels)

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SÃO PAULO – O Cadastro Positivo automático no Brasil pode aumentar a receita da Serasa Experian, unidade brasileira do grupo de serviços de informação global Experian, em US$ 1,2 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões, pela cotação atual) ao longo dos próximos dez anos. A estimativa é de um relatório do Morgan Stanley que recomenda compra da ação do grupo, listada na Bolsa de Londres.

Desde o dia 7 de janeiro, dados de bons pagadores brasileiros são inseridos automaticamente no banco de dados do Cadastro Positivo – quem quiser esconder informações sobre seus hábitos de pagamento deve solicitar ativamente a exclusão. Foi uma virada de chave do opt-in (solicitar ativamente para fazer parte do cadastro) para o opt-out (ter de solicitar para sair).

A diferença desse banco de dados para o de maus pagadores é a quantidade de informações disponíveis. Balanços de contas, taxas de endividamento,solicitações de crédito, pagamentos dentro e fora do período de validade, maturidade da dívida, entre outros.

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Apenas essa mudança, de acordo com a avaliação do banco de investimentos, tem potencial de aumentar a receita da companhia em 3% no país com a introdução da venda de produtos analíticos no mercado brasileiro, ainda não explorada. Com mais dados disponíveis, aumentam as oportunidades na venda de relatórios valiosos para empresas, já que o cadastro positivo permite avaliações mais preditivas.  Os números têm base no histórico de crescimento do negócio nos Estados Unidos e Reino Unido.

Outros fatores, também ligados ao Cadastro Positivo, levam os analistas do Morgan a assumir grande potencial de crescimento na área de consulta e concessão de crédito da empresa no país.

Em primeiro lugar, apenas 37% dos brasileiros possuem cartões de crédito, com média de um por pessoa. A população desbancarizada (sem conta em banco) está em 28%.

Como um dos efeitos esperados para o cadastro positivo é a queda nos juros do crédito pessoal decorrente do maior acesso a informações de pagamento, os analistas estimam crescimento intenso na concessão de crédito nos próximos anos. Na análise, eles assumem crescimento de 15% em penetração de crédito e de 0,5 em cartões de crédito per capita.

Outro fator que deve estimular esse crescimento, segundo o banco, é um crescimento de 2,2% no Produto Interno Bruto (PIB) em 2020 – ou seja, uma economia mais movimentada.

Tudo isso estimularia que mais consumidores solicitassem crédito às instituições, aumentando a demanda pelo serviço que a Experian fornece de checagem de nota de crédito. O relatório estima 200 milhões de novas solicitações pelos próximos dez anos.

O resultado de tudo isso será, de acordo com as estimativas um crescimento anual à taxa de 11% na receita da Experian no Brasil. A expectativa é que a unidade brasileira da Experian feche 2020 com receita de US$ 600 milhões.

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Paula Zogbi

Analista de conteúdo da Rico Investimentos, ex-editora de finanças do InfoMoney