Buser demite 30% dos funcionários, e credita decisão à ‘seletividade’ dos órgãos reguladores

No ano passado, plataforma de viagens recebeu aporte de R$ 700 milhões; empresa fala em perseguição dos órgãos reguladores

Wesley Santana

Ônibus com a marca da Buser (Divulgação)

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Sem dizer quantos funcionários foram impactados, a Buser demitiu 30% do seu quadro de funcionários nesta quinta-feira (8). A startups de viagens de longa distância disse que esta é uma medida para se reorganizar e continuar crescendo de forma sólida.

Em nota ao InfoMoney, a plataforma creditou a decisão a uma suposta seletividade dos órgãos regulatórios que fazem blitzes em seus ônibus que prestam serviços para a startup em detrimento às grandes viações. Segundo a companhia, decisões judiciais já foram favoráveis ao seu modelo de negócio, contudo os órgãos reguladores estariam descumprindo tais decisões.

“Infelizmente, tivemos que fazer esse ajuste, não só devido ao cenário macroeconômico, mas também por causa da perseguição que sofremos de alguns órgãos reguladores”, afirmou Marcelo Abritta, fundador e CEO da Buser. “Esperamos que a regulação tenha avanços no próximo governo para que possamos voltar a gerar empregos de alto valor agregado”.

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A Buser é uma startup que conecta viajantes com empresas de ônibus parceiras por meio de uma plataforma virtual. Operando fora das rodoviárias, a empresa consegue diminuir o custo das passagens e se tornou uma verdadeira concorrente das empresas que oferecem serviços há anos.

No ano passado, a empresa recebeu um aporte de R$ 700 milhões liderado pelo fundo LGT Lightrock. Conforme destacou o InfoMoney, os recursos seriam usados para expansão nacional e financiamento de veículos de parceiros.

O InfoMoney tentou contato com a Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT) que fiscaliza o serviço de ônibus no país, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.

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Buser: uma trajetória de mais de 200 processos até 1 milhão de passageiros

Em junho do ano passado, a Buser foi tema Do Zero ao Topo, marca de empreendedorismo do InfoMoney. Na ocasião, o cofundador Marcelo Abritta falou sobre a história da startup até o investimento milionário que recebeu.

Durante a entrevista, Abritta destacou que, ao menos, 1 milhão de pessoas já haviam feito alguma viagem com o auxílio da plataforma e que o número estava crescendo. Ele também comentou que a Buser tinha enfrentado mais de 200 litígios em sua história, em ações movidas por associações de classe em cada estado, que reúnem empresas de ônibus nas rodoviárias.

Em geral, as associações alegam que o modelo de fretamento coletivo se assemelha ao do transporte regulado e que a Buser se caracterizaria como concorrência clandestina e/ou predatória.