BofA eleva recomendação de ADR da Vale para compra e vê pior “ficando para trás”

Possibilidade de volta dos dividendos ainda este ano, desinvestimentos e retomada da capacidade podem ser catalisadores para a mineradora

Lara Rizério

(Divulgação)

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SÃO PAULO – Com forte volatilidade na Bolsa no final de janeiro em meio à tragédia de Brumadinho (MG) que vitimou centenas de pessoas, as ações da Vale (VALE3) voltaram a ser impactadas na bolsa neste mês após a mineradora alertar para o risco de ruptura iminente na barragem em Barão dos Cocais, também no estado mineiro. 

Porém, mesmo com a instabilidade dos papéis e fatores de incerteza no radar, há muitos analistas que estão de olho nas oportunidades que os papéis podem fornecer. A equipe de análise do Bank of America Merrill Lynch é uma delas, elevando a recomendação para os ADRs (American Depositary Receipts) da mineradora de neutra para compra, com o preço-alvo passando de US$ 14,50 para US$ 15,50. 

Segundo eles, o pior parece ter ficado para trás e há diversos catalisadores à frente para os ativos. A estimativa é de que a companhia sofra passivos de no máximo US$ 6,5 bilhões em processos e acordos e apontam que, enquanto os processos continuam, a gestão da companhia foi sendo substituída.

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Ao mesmo tempo, as recentes manchetes sobre a companhia envolvem mais questões reputacionais do que de produção na mineradora (caso de Barão de Cocais). 

Em conferência nesta semana sobre o setor, o BofA conversou com a gestão da Vale que apontou que poderá voltar a pagar dividendo referente ao quarto trimestre de 2019 (uma vez que os passivos fiquem para trás). Isso pode redirecionar novamente o foco do investidor para o forte fluxo de caixa livre da mineradora, esperados em US$ 10 bilhões para 2019 e US$ 8,5 bilhões em 2020 pelos analistas do banco. 

“A gestão está empenhada em aumentar sua capacidade e retornar à sua taxa de execução pré-Brumadinho o mais cedo possível”, afirma a instituição, destacando que a companhia espera retomar em breve a produção em Brucutu (o BofA espera uma retomada no segundo trimestre). 

Somado a isso, o BofA elevou as projeções para o preço do minério de ferro, que passaram de US$ 64 a tonelada para US$ 72,50 a tonelada em 2020. Vale ressaltar que, a cada mudança em US$ 5 a tonelada leva a um impacto de 10% no Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) para a mineradora. 

Com tudo isso na conta, os analistas avaliam que a relação risco-retorno está mais interessante, o que leva à elevação de recomendação para compra, em meio à combinação de dividendo, retomada da capacidade e desinvestimento em ativos. Porém, cabe lembrar, há riscos no radar, com mais passivos com novos processos podem acontecer, gerando mais riscos para a companhia. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.