B2W fará o 4º aumento de capital em 5 anos: uma nova chance para alcançar as rivais?

A capitalização da companhia é vista como positiva, fortalecendo o plano de geração de caixa da empresa de e-commerce - enquanto isso, as Lojas Americanas podem pagar boa parte da conta

Lara Rizério

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SÃO PAULO – De uma queda de 2,5% nas primeiras horas do pregão a ganhos de até 8% durante a tarde da sessão desta terça-feira (20), as ações da B2W (BTOW3) repercutiram a avaliação dos investidores sobre o anúncio de  aumento de capital no valor de R$ 2,50 bilhões – o quarto desde 2014. 

Se, no curto prazo, a expectativa é de maior pressão sobre os papéis da companhia, uma vez que a operação se dará  com base no preço de emissão de R$ 39 por ação (desconto de 9,4% em relação à média dos últimos sete pregões ponderada pelo volume de negociação), no médio prazo espera-se que a companhia fortaleça o seu caixa para competir com as suas rivais. 

Notoriamente, as concorrentes são o Magazine Luiza (MGLU3) e Via Varejo (VVAR3), listadas na bolsa brasileira, e o Mercado Livre, cujas ações são negociadas na Nasdaq. 

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Com isso, as ações BTOW3 fecharam com ganhos de 3,08%, a R$ 43,55; já os papéis da controladora, a Lojas Americanas, após chegarem a cair cerca de 4%, fecharam em leve alta de 0,68%, a R$ 17,87. 

O aumento de capital melhorará a estrutura de capital da B2W, com queda nas dívidas e, consequentemente, nas despesas financeiras.

A B2W, para ilustrar o efeito, mostrou o impacto da redução da dívida bruta de R$ 8,1 bilhões para R$ 5,6 bilhões no segundo trimestre (proforma), o que levaria a dívida líquida de R$ 2,1 bilhões (3,9 vezes em relação ao Ebitda) para caixa líquido de R$ 416 milhões. 

De acordo com Mariana Vergueiro, analista da XP Research, o anúncio feito na noite de ontem foi algo não esperado. 

“Nós tínhamos em mente que o próximo plano estratégico de 3 anos da B2W (cujos detalhes serão anunciados em reunião com os analistas em dezembro) incluiria uma melhora de estrutura de capital, mas o anúncio do aumento de capital foi uma surpresa”, avalia Mariana.

Apesar de surpreendente, a capitalização da B2W é vista pela analista como positiva, fortalecendo o plano de geração de caixa para suportar investimentos no crescimento online e em novos negócios, como as iniciativas da Ame Digital e de integração com o mundo offline. 

Já os analistas do Brasil Plural ressaltam que o principal problema da B2W ainda é a sua estrutura desequilibrada de venda de recebíveis, que afeta constantemente a lucratividade geral.  

De qualquer forma, aponta que a notícia é positiva uma vez que a B2W, que tem uma atual geração de fluxo de caixa ruim, beneficia-se do novo capital para manter seus investimentos em inovação e novos projetos enquanto luta no mercado competitivo de e-commerce brasileiro. 

Bom para a B2W, mas para a Lojas Americanas…
Se por um lado, a visão é positiva para a B2W, para a controladora Lojas Americanas a análise é oposta.

A Americanas já se comprometeu a manter sua participação na companhia e comprar cerca de R$ 1,5 bilhão em ações, deixando acionistas minoritários com aproximadamente R$ 1 bilhão em novas ações.

“Acreditamos que os investidores da LAME4 não ficarão satisfeitos com mais caixa indo para a B2W em uma época em que o varejista tradicional está tentando reequilibrar seu ciclo de caixa após o difícil período macroeconômico brasileiro”, avalia o Brasil Plural. 

Os analistas ainda lembram aos investidores que o acionista controlador já injetou mais de R$ 3 bilhões na B2W nos últimos três anos (incluindo o novo caixa). Mais uma vez, a Americanas pode pagar a conta. Enquanto isso, os investidores monitoram se desta vez a B2W vai ver seus problemas diminuírem com mais um aporte de capital. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.