Assessorias de investimento se fundem em busca de mais clientes e possíveis IPOs

Os escritórios Faros e Private anunciam união para formar uma empresa com R$ 15 bi sob assessoria; Acqua e Vero, juntos, passam a administrar R$ 8 bilhões

Equipe InfoMoney

(Divulgação/Faros)

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SÃO PAULO – Esta quinta-feira (17) foi um dia movimentado para o mercado de assessoria de investimentos. A Faros, um dos maiores escritórios de agentes autônomos associados à XP Inc., anunciou que vai se fundir à Private Investimentos, maior escritório de Minas Gerais. A nova empresa contará com um patrimônio de cerca de R$ 15 bilhões sob assessoria.

No mesmo dia, a Acqua Investimentos, outro escritório da rede XP, assinou a fusão com a Vero Investimentos. A carteira conjunta da nova empresa, que se chamará Acqua-Vero a partir de 2022, chega a R$ 8 bilhões.

O escritório formado com a fusão entre Faros e Private, que vai atuar sob o nome Faros, passa a ter mais de 10 mil clientes em todo o Brasil e escritórios em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. A empresa resultante será especializada em clientes private, expertise que ambos os escritórios já possuíam, com clientes com ticket médio de cerca de R$ 5 milhões.

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“Queremos expandir. Minas Gerais é uma praça importante e entrar na região com competitividade é crucial para chegarmos já consolidados. Estrategicamente estar com a Private, que conhece o mercado local e já tem uma relação construída com os clientes, faz muito sentido”, afirmou Samy Botsman, sócio-fundador da carioca Faros.

“A união vem devido à sinergia dos negócios e nicho de clientes. Além disso, nossa fusão traz credibilidade. A Faros tem o maior número de assessores com certificação CFPs e com selos da XP Private. Olhamos com bons olhos a oportunidade”, diz Marco Antonio, sócio-fundador da Private Investimentos.

A previsão de integração total das operação é de cerca de seis meses. Quando o negócio for, de fato, concluído, a Faros vai retomar a posição como maior escritório da XP em termos de volume sob custódia. Hoje a posição é da Monte Bravo, que possui cerca de R$ 13 bilhões. A Faros conta com R$ 11 bilhões sob custódia atualmente.

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Os novos sócios afirmam ainda que a fusão tem papel importante na atração de profissionais que atendem os clientes “ultra high-net-worth” nas áreas privates dos grandes bancos. “Estamos em conversas com gerentes de grandes de bancos e os profissionais são bem remunerados. É muito difícil tirá-los de lá. Mas com o nosso tamanho e a credibilidade da fusão vai ser mais fácil atrair bons profissionais”, diz Botsman.

A meta da Faros é chegar ao fim de 2021 com R$ 20 bilhões sob custódia.

Segmentação

No caso da fusão entre Acqua e Vero, os escritórios têm atividades complementares: a Acqua atua nos segmentos de varejo, corporativo e alta renda, enquanto a Vero atende exclusivamente os clientes private.

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“Apesar da fusão, nós vamos trabalhar de forma segmentada, cada um na sua melhor expertise. Nossos negócios se complementam, e esse foi um dos pontos significativos que levaram à nossa decisão”, diz Eduardo Akira, sócio-fundador da Vero Investimentos.

“Outro driver da fusão é o modelo de negócio. Vamos formar um grupo executivo, formato que ainda não existe dentro da rede XP. Geralmente, os maiores escritórios contam com três sócios, na média, tocando a operação. Com a nossa fusão, teremos dez sócios que vão cuidar de várias áreas dentro da empresa e vão dar mais robustez na estruturação do negócio”, completa.

Eduardo Siqueira, sócio-fundador da Acqua Investimentos, afirma que a principal vantagem da fusão dos escritórios é estar entre os maiores do país. “Temos alinhamento de cultura e visão de negócios parecidos”, diz.

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Com a fusão, a empresa chega a quase 15 mil clientes, com um ticket médio de R$ 500 mil. E a meta para 2021 é dobrar o quadro de assessores e alcançar R$ 18 bilhões sob custódia.

IPOs na mira

Os movimentos de fusões no mercado de agentes autônomos dão sinais de aquecimento no setor. O InfoMoney fez uma reportagem que mostra que a assessoria de investimentos é um segmento em alta no mercado financeiro. Só em outubro, 500 novos assessores chegaram para escritórios filiados à XP Inc.

Num cenário de juros baixos, os investidores tiveram de sair da zona de conforto e buscar novas opções de investimento para ter retornos maiores, o que aumentou a demanda pelos serviços dos agentes autônomos.

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“Em 2020, quem tem o verdadeiro valor é quem tem o relacionamento com o cliente, e não o cadastro. O movimento de valorização do agente autônomo acontece porque nós temos contato direto com o cliente. Essa classe constrói a confiança do negócio. Neste ano, com juros baixos, essa relação passou a ser ainda mais importante”, afirma Botsman, da Faros.

Além disso, as negociações acontecem em um momento em que o setor tem a expectativa de que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) mude a regulação sobre os escritórios para, entre outras coisas, permitir aportes de fundos de private equity e até IPOs (oferta inicial de ações, na sigla em inglês).

Pelas regras atuais, apenas agentes autônomos certificados podem ser sócios dos escritórios. A instrução n° 497 da CVM pode flexibilizar, permitindo que novos sócios entrem para as equipes dos escritórios, o que levaria a categoria a um próximo patamar.

A Faros mantém o plano de ser a primeiro do segmento a abrir o capital. “Com esse boom no setor de assessores e a mudança na regulação da CVM sendo aprovada, acredito que estamos cada vez mais perto de atingir nosso objetivo”, afirmou Botsman.

Eduardo Siqueira, da Acqua, também sinaliza o interesse da nova empresa em abrir seu capital. “Estamos de olho na mudança da legislação. Por isso, vamos manter todas as operações separadas para entender qual será a melhor forma de integração, caso a mudança seja feita. Nossa expectativa é de que haja essa flexibilização, que vai permitir que os escritórios tenham sócios que não necessariamente sejam agentes autônomos certificados, como é hoje”, diz.

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