Apple é afetada por crise sem fim da cadeia de suprimentos

Empresa planeja cortar as metas de produção do iPhone 13 para 2021 em até 10 milhões de unidades

Bloomberg

Logotipo da Apple (Shutterstock)

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(Bloomberg) – A Apple, empresa mais valiosa do mundo, agora também faz parte de uma lista crescente de gigantes como Toyota e Samsung que se viram obrigados a reduzir a produção devido à escassez global de semicondutores.

A Apple planeja cortar as metas de produção do iPhone 13 para 2021 em até 10 milhões de unidades, segundo informou a Bloomberg News na terça-feira.

Durante meses, enquanto choques nas cadeias de suprimentos abalavam os setores de eletrônicos, de automóveis e até de commodities, a Apple continuou sendo a única empresa que conseguia garantir os chips necessários para continuar vendendo sua nova linha de produtos. Isso graças à cadeia de suprimentos bem-gerenciada e ao prestígio de atender aos seus exigentes padrões.

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Mas o recente revés para a Apple minou qualquer esperança de que a crise da cadeia de suprimentos esteja diminuindo.

“Se isso está acontecendo com a empresa mais poderosa, pode acontecer com qualquer um”, disse Neil Campling, analista da Mirabaud Securities. Considerando que “eles têm enorme poder em termos da capacidade de originar semicondutores como um cliente importante, então todos os outros terão problemas maiores do que eles.”

O recuo da Apple é um sinal claro de que os problemas de oferta de escala mundial estão piorando, o que pode prejudicar as perspectivas de recuperação econômica pós-pandemia. Quase todos os principais fabricantes foram afetados pela falta de materiais essenciais, como semicondutores, mas também pela incapacidade de coloca produtos acabados nas mãos dos consumidores.

Os gargalos de transporte fazem parte da agenda na quarta-feira do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. O congestionado Porto de Los Angeles planeja operar 24 horas por dia, sete dias por semana, para administrar os altos volumes.

A AP Moller-Maersk teve que desviar alguns navios do maior porto de contêineres do Reino Unido devido ao congestionamento resultante da falta de caminhoneiros.

“Recentes comentários de produtores de chips sugerem que os problemas devem persistir”, afirmaram em nota estrategistas do Deutsche Bank como Jim Reid, chefe global de estratégia de crédito fundamental.

Com isso, “as decisões dos bancos centrais se tornarão ainda mais complicadas nas próximas semanas, à medida que lidam com as crescentes restrições do lado da oferta que aceleram a inflação, ao mesmo tempo que ameaçam minar a recuperação”.

A Apple esperava produzir 90 milhões dos novos modelos do iPhone este ano, mas disse aos parceiros de fabricação que o total será menor porque Broadcom e Texas Instruments não conseguem entregar componentes suficientes, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas.

A escassez de chips decorre principalmente de anos de pouco investimento, juntamente com a falha em prever a demanda por aparelhos conectados. Até mesmo empresas do setor foram surpreendidas.

O CEO da ASML, Peter Wennink, cuja empresa vende as máquinas que permitem a maior parte da fabricação de chips de ponta, disse em julho que subestimou o crescimento da indústria de semicondutores nos últimos 15 anos.

O momento não poderia ser pior. Expectativas apontavam que o último trimestre representaria a maior campanha de vendas da Apple, gerando cerca de US$ 120 bilhões em receita. Seria um aumento de cerca de 7% em relação ao ano anterior – e mais dinheiro do que a Apple ganhou em um ano inteiro há uma década.

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