Aposta do SoftBank em economia compartilhada desaba com pandemia de coronavírus

Empresa investiu pesado em negócios que registram grandes perdas com o aumento das quarentenas

Bloomberg

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(Bloomberg) – Masayoshi Son está entre os defensores mais fervorosos da economia compartilhada, tendo investido bilhões em startups que ajudam pessoas a dividir o uso de carros, salas e escritórios. Mas, agora, a pandemia de coronavírus reduz a interação humana e atinge em cheio esses setores, como também os pilares do SoftBank, controlado por Son.

Na cidade de Nova York, o espaço de coworking da WeWork, financiada pelo SoftBank, está praticamente vazio, pois os inquilinos estão em casa por receio de contágio.

Em Xangai, motoristas do aplicativo de transporte Didi Chuxing enfrentam forte queda do faturamentto, pois clientes têm evitado automóveis compartilhados.

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Em São Francisco, Dara Khosrowshahi, diretor-presidente do Uber Technologies, outro investimento da SoftBank, disse: “Eu não colocaria meus filhos num Uber”, devido às ordens de ficar em casa.

Diante disso, os investidores estão cada vez mais preocupados com a estabilidade do império de Son e de seu Vision Fund, com US$ 100 bilhões em ativos. Na semana anterior, as ações da SoftBank acumulavam queda de cerca de 50% em um único mês, além da pior baixa intradiária desde que o bilionário japonês listou a empresa em 1994. Em resposta, o empresário do SoftBank lançou um das estratégias mais audaciosas de sua carreira: vender parte do Alibaba Group e outros ativos para levantar US$ 41 bilhões destinados à recompra de ações e redução de dívidas.

Embora a transação planejada tenha colocado um piso abaixo do preço das ações, isso não reduziu a vulnerabilidade de um edifício construído sobre os pilares da economia compartilhada, que foram derrubados desde que o confinamento virou norma. As ações do SoftBank subiram cerca de 40% desde que Son anunciou o plano, que deve incluir a venda de US$ 14 bilhões em ações da Alibaba. Mas o preço da ação ainda está 30% do pico de fevereiro.

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A Moody’s questionou a venda de ativos valiosos em meio à piora do mercado e cortou ainda mais a nota de crédito do SoftBank, que já é classificada como “junk”, ou de alto risco. O SoftBank acusou a Moody’s de viés, mas as ações caíram 9,4% na quinta-feira.

“No momento, investimentos que dependem do compartilhamento e da economia não estão onde queríamos que estivessem, pois a pandemia incentiva a mentalidade de ficar em casa”, disse Pelham Smithers, cuja consultoria de Londres oferece pesquisas sobre empresas de tecnologia asiáticas.

Empresas como WeWork, Uber e Oyo, que faz reservas de hotéis, “não davam lucro quando os tempos eram (relativamente) bons, gerando a pergunta: como esses negócios estarão em 2020?”, disse em nota aos clientes.

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