Após bloqueios, supermercados apontam problemas de reposição de hortifruti e carnes em 7 estados e no DF

Segundo a Abras, fechamento de vias gera preocupação, mas diz que, no momento, não há risco de aumento de preços nas gôndolas 

Rikardy Tooge

(AJ_Watt/Getty Images)

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A Associação Brasileira de Supermercados (Abras) divulgou na tarde desta terça-feira (1) o primeiro balanço dos efeitos do bloqueio de estradas no país, feito por bolsonaristas que não aceitam o resultado do segundo turno das eleições presidenciais.

De acordo com o vice-presidente da Abras, Márcio Milan, os maiores pontos de atenção estão em Santa Catarina, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Pará e Distrito Federal.

O dirigente afirma que o maior problema localizado é no setor de hortifruti, carnes e derivados de leite, que são produtos mais perecíveis e requerem estoques menores e reposições mais rápidas. Nesses itens, Milan diz que 70% das lojas nessas regiões estão com os estoques comprometidos.

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“Normalmente, sábado e domingo são os dois maiores dias de consumo. Com isso, a segunda e a terça-feira são os dias em que o mercado repõe estoque e gôndolas. O problema acaba sendo maior pelos bloqueios afetarem esses dias”, analisa o dirigente da Abras.

Márcio Milan reforça que, apesar de muitas lojas ainda não enfrentarem problemas no momento, o atraso causado na cadeia logística até o momento poderá gerar um efeito negativo a esses supermercados. “O verdadeiro reflexo será visto mais adiante. Mesmo que a situação seja normalizada, são necessários de dois a três dias para uma normalização”.

À Reuters, o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) informou que “registra atraso pontual no recebimento e expedição de algumas mercadorias, ainda sem impacto significativo”.

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Já o concorrente Carrefour Brasil (CRFB3), dono da marca Atacadão, disse que busca alternativas para lidar com a possível continuidade das paralisações, visto que ainda tem conseguido se abastecer com estoques.

Movimento maior nos supermercados

O dirigente da Abras aponta ainda que foi registrado um movimento maior de consumidores nesta terça-feira. Na avaliação de Milan, as pessoas podem estar se antecipando a uma paralisação maior.

Apesar disso, ele não prevê aumento de preços dos itens neste momento. “Sem impacto [nos preços], pois os produtos já estão negociados e não há risco de alteração dos preços em função disso. Esses itens já estão a caminho”, explica.

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Por fim, o vice-presidente da Abras diz que não há necessidade de se limitar a venda de produtos. A única orientação é que os mercados atuem rapidamente para não deixar as gôndolas vazias.

Bloqueios nesta terça

Por volta de 20h30 desta terça-feira, existiam 190 pontos de bloqueio ou interdição em estradas brasileiras, segundo a corporação. A PRF diz que esse número chegou a 421 na madrugada e que 419 manifestações já foram desmobilizadas até o momento.

Há interdições e bloqueios em rodovias federais de 19 estados, segundo a PRF (as exceções são Amapá, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Maranhão Paraíba, Rio Grande do Norte,  e Sergipe). Os estados com mais problemas são Santa Catarina (36 bloqueios), Mato Grosso (26), Pará (21) e Paraná (9 interdições e 7 bloqueios).

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*Com Reuters

Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br