Ao Valor, Gabrielli vê investimento no pré-sal ameaçado e questiona desvios na Petrobras

Ex-presidente da Petrobras ainda afirmou que Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da estatal, é dissimulado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal Valor Econômico, o ex-presidente da Petrobras (PETR3;PETR4) José Sérgio Gabrielli ressaltou que está acompanhando de perto as investigações de corrupção na Petrobras e voltou a questionar o esquema de desvios ocorrido em sua gestão a mando do doleiro Alberto Youssef, referindo-se à suposta propina que rendia 3% dos contratos com a estatal.

“Primeiro que isso não está provado. E 3% de todos os contratos são R$ 4 bilhões. Não tem como chegar a isso”, disse ele em entrevista ao Valor.

Quando foi entrevistado, não tinha sido informado oficialmente da ação de bloqueio de bens decidida pelo Ministério Publico do Rio de Janeiro. 

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Sobre o pré-sal e a política de preços, Gabrielli destacou que a política de não repassar a volatilidade de preços para o dia-a-dia dos brasileiros é correta, mas isso não significa que “eu defenda dois anos, três anos, com preços abaixo do mercado internacional”. E ainda falou sobre a ameaça ao pré-sal. 

“Agora os 30% do pré-sal eu acho que está ameaçado, porque se aprofunda a crise da Petrobras, ela vai ter dificuldades de manter os investimentos, ela já está anunciando corte de cerca de 20% para 2015 – US$ 30 bilhões a US$ 33 bilhões – e isso significa a redução dos investimentos. E a redução dos investimentos significa mudança na curva de produção, com deslocamento e se tiver novos leilões para o pré-sal, você vai criar dificuldade para os 30%. Isso é uma discussão de governo, não da Petrobras, porque a velocidade que vai ser colocada nos leilões é do governo. Por outro lado, se as empresas que são as fornecedoras de conteúdo nacional entram em crise, e estão cada vez mais em crise por causa de financiamento, de rating, por causa da capacidade do fluxo de caixa por efeitos da Lava-Jato…”

Paulo Roberto Costa é dissimulado
Gabrielli afirmou ainda que o delator Paulo Roberto Costa, ex-diretor da estatal, é um “dissimulado”. “Eu acho que ele foi dissimulado, uma pessoa extremamente fria, porque fazia isso e ninguém sabia. Fazia isso fora da Petrobras”. 

“Porque não se pode dizer, a partir do comportamento criminal de algumas pessoas, criminalizar uma empresa do tamanho da Petrobras com a complexidade que ela tem e com os procedimentos que ela tem. A Petrobras é a maior produtora do mundo hoje, fora as árabes”, acrescentou.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.