Ações da Oi se descolam com discussão societária e abrem chance de ganhos

O momento deve ser favorável para uma operação de venda de OIBR3 e compra de OIBR4, seja ajuste de posição ou um long & short

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – A Oi (OIBR3; OIBR4) poderia estar interessada em migrar para o Novo Mercado da BM&FBovespa. Assim, a gigante brasileira de telecomunicações passaria a ter apenas uma ação na bolsa, a ordinária – o que pode ter influenciado um desempenho muito melhor de OIBR3 nas últimas semanas do que OIBR4.

Nesta sessão, a tendência se inverteu: OIBR4 sobe 1,00% por volta das 13h35 (horário de Brasília), atigindo os R$ 8,08, enquanto as ordinárias recuam 2,61%, para R$ 9,71. Isso ocorre pelo fato de que ambas possuem tag along de 80% – ou seja, o acionista com OIBR4 receberia 80% do valor de cada ação OIBR3. “O investidor pode estar saindo de uma e indo para outra”, destaca Carlos Müller, analista-chefe da Geral Investimentos.

A diferença de preço entre as duas se ajustou aos 80%, mas a presença da Portugal Telecom, que detém cerca de 18% de todas OIBR4 de acordo com os últimos dados da Bovespa, no controle acionário pode fazer com que essa relação cresça, impulsionando as ações preferenciais. “Naturalmente o ideal agora é se posicionar na ação que a Portugal Telecom possui, já que a OIBR4 deve ser a favorecida”, avalia o analista. 

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Sem o aval da PT, dificilmente uma migração deve vir a ocorrer, já que a empresa portuguesa é bastante importante no bloco de controle, até mesmo pelo know-how que ela tem no setor de telecomunicações. Se a PT buscar um acordo melhor, Müller acredita que os papéis devem disparar. “No momento elas estão muito afastadas, mas se o tag along pulasse para 90%, a OIBR4 deveria buscar os R$ 8,80”, destaca.

O momento deve ser favorável para uma operação de venda de OIBR3 e compra de OIBR4, seja ajuste de posição ou um long & short (assumir posição vendida em uma e comprada na outra): sem um acordo, o mercado deve parar de avaliar a migração e o spread entre as duas tende a voltar para as médias históricas. Com um acordo, o spread também diminui conforma OIBR4 se ajusta. 

Por fim, a empresa deve pagar ao menos R$ 2 bilhões em dividendos no mês de fevereiro. Sem a possibilidade de pagar mais dividendos por ação ordinária do que preferencial, o dividend yield (relação entre preço e dividendo) das ações OIBR4 deve ser maior que de sua irmã ordinária  – outro fator que também favoreceria uma tomada de posição comprada nas preferenciais. “Há bastante espaço para altas”, finaliza o analista-chefe da Geral Investimentos.