Ações da Cosan driblam momento ruim do Ibovespa e sobem 10% em 5 dias

Além de mudanças do combustível, estratégia de aquisições da companhia ajudaram para que Citi e Ágora elevassem o preço-alvo dos papéis

Rodrigo Tolotti

Etanol: mesmo competitiva nas bombas, a alternativa mais limpa e renovável vem perdendo espaço para a rival fóssil. (Foto: Divulgação)

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SÃO PAULO – Contrariando o momento de queda do Ibovespa – que já atinge seu pior patamar em um mês e meio -, as ações da Cosan (CSAN3) mantêm ritmo forte de valorização neste início de 2013, estendendo os ganhos já acumulados desde 2012. Nos últimos cinco pregões, enquanto o índice caiu quase 4%, os papéis da companhia somam alta de pouco mais de 10% – tendo obtido valorização nos cinco pregões. Além de ter seu preço-alvo elevado por Citi e Ágora nesta semana, a companhia tem sido favorecida por mudanças no combustível e por estratégias de investimentos e aquisições.

Na tarde da última quarta-feira (30), as ações da Cosan fecharam com valorização de 2,60%, aos R$ 46,89, com isso, os papéis atingem sua maior cotação desde julho de 2006. Nos últimos meses, a companhia realizou diversos investimentos e aquisições, como a Raízen Combustíveis – joint venture com a Shell, e a Comgás, o que tem animado os investidores e os analistas em relação ao futuro da empresa.

Na última segunda-feira (28), o Citi elevou seu preço-alvo para os papéis da companhia para R$ 48,50 citando um lucro maior realizado após as aquisições. “Temos mais confiança na capacidade da Cosan de voltar a ter um fluxo de caixa positivo em 2014, cerca de R$ 500 milhões, com a continuação da tendência para fluxos de caixa menos cíclicos e as iniciativas da diretoria para aumentar a produtividade e reduzir investimentos”, dizem os analistas Juan G. Tavarez e Felipe Jiman Koh, do banco. Além disso, no longo prazo, os analistas comentam que há potencial para dividendos maiores com reduções nos investimentos.

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Após do Citi, nesta quarta-feira, a Ágora elevou seu preço para os ativos de R$ 47,80 para R$ 52,30 – o que representa um potencial de valorização de 14,4% em relação ao último pregão. Além de também destacar as aquisições, o relatório da corretora afirma que os três segmentos de atuação da compainha – distribuição de combustíveis, logística de açúcar e açúcar e álcool – apresentam boas previsões para 2013.

Para o analista da corretora, Luiz Otávio Broad, a logística de açúcar deve manter a trajetória de crescimento nos volumes transportados. Segundo ele, as expansões planejadas e o aumento na produtividade nos canaviais deve iniciar um ciclo de captura de valor para o segmento de açúcar e álcool.

Mudança na gasolina ajuda a manter bom momento
Há duas semanas, a diretora-geral da ANP (Agência Nacional do Petróleo), Magda Chambriard, afirmou que a quantidade de álcool na gasolina brasileira irá subir de 20% para 25%, notícia que foi confirmada pelo minstro de Minas e Energia, Edson Lobão, e com data para 1º de maio. Mesmo com o aumento sendo previsto, analistas passaram a destacar que a notícia ajudaria as companhias do setor, como a Cosan, a São Martinho (SMTO3) e a Tereos (TERI3).

Pata a equipe do Barclays, a demanda por etanol seria um grande positivo nesse reajuste, já que poderia chegar a 3 bilhões de litros caso ocorra o aumento da quantidade na gasolina. Além disso, o etanol anidro – usado na mistura com a gasolina – é mais rentável que o preço do álcool hidratado – usado diretamente como combustível -, já que seus preços não estão ligados diretamente ao preço da gasolina.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.