Ações da Boeing saltam até 9%, apesar de prejuízo milionário no trimestre

A receita da empresa teve uma queda de 26% em um ano

Pablo Santana

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SÃO PAULO – As ações da Boeing chegaram a valorizar até 9% no início da tarde desta quarta-feira (29), mesmo após a empresa divulgar em seu balanço um prejuízo líquido de US$ 641 milhões no primeiro trimestre de 2020. Às 16h30 (horário de Brasília), os papéis viam alta de 6%.

A receita da empresa diminuiu 26% na comparação anual, atingindo US$ 16,91 bilhões e decepcionando a expectativa do mercado – que apontava para US$ 17,01 bilhões.

A carteira total de pedidos da empresa no final do trimestre foi de US$ 439 bilhões e as entregas de aviões comerciais caiu de 149 no trimestre inicial de 2019 para 50 nos meses iniciais de 2020.

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A companhia passa por um de seus piores momentos em mais de 100 anos de existência, enfrentando uma crise em duas frentes: a queda drástica de quase 95% da demanda do tráfego aéreo devido às medidas restritivas para conter a pandemia de coronavírus; e os vários problemas envolvendo seu principal modelo, o 737 MAX, impedido de circular desde março do ano passado por conta de falhas que resultaram em dois acidentes com 346 vítimas fatais no total.

Mesmo com o cenário desanimador, o CEO da companhia, Dave Calhoun, se mostrou otimista ao divulgar os resultados trimestrais. “O setor de transporte aéreo sempre foi resiliente, nosso portfólio de produtos e tecnologia está bem posicionado e estamos confiantes de que sairemos da crise e teremos sucesso novamente como líderes de nossa indústria”, afirmou.

A fabricante de aviões está tomando diversas ações para manter seus negócios em meio à crise, entre elas a redução das taxas de produção de aviões comerciais e um plano de demissão voluntária. Segundo Calhoun, a redução da força de trabalho, atualmente em cerca de 160 mil funcionários em todo mundo, pode ser de até 10%.

A Boeing já levantou mais de US$ 10 bilhões em dívidas até o momento e vem realizando medidas para gerenciar a liquidez do seu caixa no curto prazo. Para isso, ela reduziu custos operacionais e gastos discricionários, prorrogou a pausa existente para a recompra de ações e suspendeu dividendos, além de ter suspendido temporariamente o pagamento de alguns dos seus executivos.

A empresa anunciou ter US$ 15,5 bilhões disponível em seu caixa, em comparação com US$ 10,0 bilhões no início do trimestre.

O mercado questiona se a situação do seu caixa atual será o suficiente para enfrentar a crise atual sem gerar mais prejuízos aos seus investidores. Em entrevista à CNBC nesta quarta-feira de manhã, o CEO David Calhoun disse que a empresa também está explorando todas as opções para aumentar sua liquidez e que poderia aumentar mais dívidas no futuro.

As ações da companhia fecharam o pregão desta quarta a US$ 139, uma valorização de 5,86%.

Pablo Santana

Repórter do InfoMoney. Cobre tecnologia, finanças pessoais, carreiras e negócios