A partir de amanhã, 50 ações da PDG se tornarão 1; entrenda por que isso é uma cilada

Ações da construtora estão a mais de 30 pregões abaixo de R$ 1,00 e companhia tenta se adequar a nova norma da BM&FBovespa que pode até suspender a empresa

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – O prazo de 30 dias estabelecido pela BM&FBovespa para que as empresas com ações abaixo de R$ 1,00 se ajustarem já estourou, e algumas companhias correm contra o tempo para evitar quais sanções da Bolsa. É o caso da PDG Realty (PDGR3), que a partir desta sexta-feira (9) passará a ser negociada agrupada na proporção de 50 para 1.

Segundo comunicado da própria companhia, o objetivo é evitar problemas com a Bovespa. “Considerando que o valor da cotação de fechamento das ações da Companhia é inferior ao valor de R$ 1,00 há mais de 30 pregões consecutivos, a administração propõe a realização do grupamento de ações neste momento, como forma de dirimir os riscos de não preenchimento dos requisitos de listagem na BM&FBOVESPA”, diz a nota.

Com isso, as 2.459.627.859 ações ordinárias PDGR3 serão reduzidas para 49.192.557 papéis, enquanto o capital social da companhia passará a ser de R$ 4.970.079.848,04. A PDG já havia tentado aprovar o grupamento no dia 30 de setembro, mas por falta de quórum a proposta não foi aprovada. Até quarta-feira, as ações da companhia eram cotadas a R$ 0,06.

Continua depois da publicidade

Grupamento é uma cilada
Em uma resposta à “ameaça” da BM&FBovespa de banir ações que valem menos de R$ 1,00 na Bolsa de Valores, muitas “penny stocks” têm anunciado grupamentos de ações, com o intuito de aumentar o valor de face de cada papel através da diminuição da quantidade de ativos negociados na Bovespa. A operação, em um primeiro momento, é vista como positiva no sentido de trazer maior liquidez para ativos que eram negociados próximos de R$ 0,01. Mas o que temos visto na prática é que os grupamentos têm aberto espaço para que aquelas ações que não tinham mais como cair simplesmente voltassem a cair. 

Para explicar isso melhor é só pensar em como funciona um grupamento. O preço da ação nestas situações não foi elevado porque mais pessoas decidiram comprar e ela se valorizou, mas sim porque o preço sofreu um ajuste para cima devido à diminuição de papéis existentes no capital social. Isso significa que o mercado pode olhar para os fundamentos daquela empresa como endividamento, fluxo de caixa, Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), etc. e enxergá-la como “cara” no patamar pós-grupamento. Com isso, surge uma pressão vendedora, já que o investidor não vai querer ter em suas mãos um papel sobrevalorizado. 

A consequência direta deste cenário é que os papéis, que quase não tinham mais para onde cair quando a ação valia perto de R$ 0,1, abriram um espaço enorme para desvalorização. Como podemos observar aqui

Quanto custariam suas ações em dólar? Deixa seu email e descubra:

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.