“A curva achatou um pouco, mas não está diminuindo”, alerta OMS sobre situação da pandemia no Brasil

Para a entidade, o grande número de casos no país está diretamente relacionado à transmissão comunitária continua

Allan Gavioli

(RHJ/Getty Images)

Publicidade

SÃO PAULO – Dois dias após o Brasil atingir a marca de 100 mil mortos pelo coronavírus, a Organização Mundial de Saúde (OMS) fez um alerta sobre a situação da pandemia no país.

Na manha desta segunda-feira (10), Michael Ryan, diretor de emergências da OMS, disse em entrevista coletiva que a curva da epidemia no Brasil continua alta, o que, segundo ele, preocupa muito a entidade.

O diretor argumenta ainda que, embora a curva de casos tenha achatado um pouco, ela está longe de diminuir. “O Brasil está sustentando um nível muito alto de epidemia. A curva [de transmissão] achatou um pouco, mas não está diminuindo”, alertou Ryan.

Continua depois da publicidade

O diretor da OMS ainda lembrou que, apesar de o número de casos no Brasil crescer aproximadamente 10% por semana, o número de casos positivos ainda no país é alto.

Ryan também destacou que o grande número de casos no país está diretamente relacionado à transmissão comunitária continua e que o país estabilizou os casos e mortes em um patamar muito elevado.

“Muitos dos indicadores para o Brasil estão realmente apontando para transmissão comunitária contínua”, afirmou o diretor.

Além disso, o diretor chamou atenção para a consequência direta do alto número de casos: uma pressão enorme nos hospitais, onde os leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) atuam no limite.

“A ocupação das UTIs em muitos lugares agora ultrapassa 80%, em alguns lugares, 90%. Qualquer pessoa que trabalhe em UTIs e em uma situação de doenças infecciosas reconhece a pressão e o estresse sobre essas pessoas e suas famílias. Sustentar isso por meses é uma tarefa quase impossível”, disse.

O diretor pontuou, mais uma vez, a dificuldade de manter as medidas de controle do vírus, como o uso de máscaras e o isolamento social, particularmente entre as pessoas mais pobres, por causa da falta de recursos.

“É muito difícil, porém, para muitas, muitas pessoas no Brasil – muitas vivem em lugares superlotados e pobres, onde sustentar esse tipo de atividade é difícil. O governo deveria estar apoiando essas comunidades – é muito difícil agir como uma comunidade se você não tem apoio”, disse Ryan.

Atualmente, o Brasil é o segundo país com o maior número de casos confirmados e com mais mortes absolutas em decorrência da Covid-19. O país está atrás apenas dos Estados Unidos.

Segundo o último levantamento do consórcio de veículos de imprensa a partir de dados das secretarias estaduais de Saúde, o Brasil tem 101.142 mortes por coronavírus e mais de 3 milhões de casos confirmados desde o início da pandemia. A média móvel de casos foi de 43.137 por dia, uma variação de -7% em relação aos casos registrados em 14 dias.

Allan Gavioli

Estagiário de finanças do InfoMoney, totalmente apaixonado por tecnologia, inovação e comunicação.