“5G e compra da Oi Móvel podem quase dobrar nossa geração de caixa até 2025”, diz CEO da TIM

Ao InfoMoney, Alberto Griselli falou sobre investimentos, aumento da remuneração aos acionistas, concorrência, corte de ICMS e riscos em 2023

Anderson Figo

O leilão do 5G e a venda da Oi Móvel marcam uma nova fase para o setor de telecomunicações no Brasil, segundo Alberto Griselli, CEO da TIM (TIMS3). Ao InfoMoney, o executivo disse que os próximos anos serão de aumento da geração de caixa no segmento e, na TIM, esse indicador pode quase dobrar até 2025. Mas há riscos, como o futuro da Selic e o modelo de reforma tributária que pode ser aprovado pelo Congresso ainda neste governo.

“[2022] Foi um ano transformacional porque aconteceram duas coisas que são pouco comuns de acontecer na vida das operadoras de telecomunicações. O lançamento de uma nova tecnologia [5G] e uma grande operação de consolidação do setor [a venda da Oi Móvel para TIM, Vivo e Claro]. Isso abre um novo momento de expansão dos resultados financeiros. Nós conseguimos crescer double digit [dois dígitos] tanto na receita quanto na nossa margem Ebitda em 2022″, disse o executivo.

Ele participou do Por Dentro dos Resultados, projeto no qual o InfoMoney entrevista CEOs e diretores de importantes companhias de capital aberto, no Brasil ou no exterior. Os executivos falam sobre o balanço do quarto trimestre e ano fechado de 2022 e sobre perspectivas. Para acompanhar todas as entrevistas da série, se inscreva no canal do InfoMoney no YouTube.

“Abrimos um novo momento do setor que será caracterizado pela grande expansão de geração de caixa nos próximos anos. Nós estamos planejando crescer acima da inflação nos próximos anos e essencialmente quase dobrar a nossa possibilidade de cash flow generation [geração de caixa] entre 2023 e 2025″, completou Griselli.

O CEO citou que o aumento da Selic e o gasto de caixa para honrar os pagamentos da Oi Móvel e a compra das frequências de 5G em 2022 afetaram o resultado financeiro da telecom no quarto trimestre, que ficou negativo em R$ 350 milhões, uma piora de 94,3% sobre o valor visto um ano antes. As despesas financeiras subiram 20% na mesma base de comparação e também pelo mesmo motivo, segundo Griselli, para R$ 672 milhões. “Nada a que se preocupar, é algo absolutamente em linha com o cenário macro e o momento da empresa”, disse.

O crescimento esperado da margem Ebitda da companhia fará com que ela possa aumentar a remuneração ao acionista neste ano, de acordo com o executivo. “Era R$ 1 bilhão em 2021, foram R$ 2 bilhões em 2022 e estamos dizendo que [a remuneração ao acionista] será de R$ 2,3 bilhões, no mínimo, em 2023”, afirmou. “Já pagamos o que tínhamos que pagar com o 5G e a Oi Móvel, estamos recompondo nosso caixa e a Selic vai ficar do jeito que está ou, na pior das hipóteses, vai cair só no fim do ano”, continuou.

O executivo disse que em relação à compra da Oi, a “única pendência” é o desmonte de cerca de 4.500 torres de transmissão de sinal que estão em sobreposição às da própria TIM. O processo já começou a ser feito, mas só deve terminar no final de 2024. Além disso, todos os clientes da Oi Móvel já foram migrados para a TIM, com as mesmas condições comerciais que eles tinham na operadora anterior.

Sobre o 5G, ele citou que a expansão da tecnologia leva tempo. Ela já está presente nas 27 capitais, com cobertura completa nas maiores, como São Paulo e Rio de Janeiro. A ideia é usar parte da estrutura já instalada para o 4G para oferecer também a nova tecnologia em determinadas regiões. “O 4G existe há 10 anos e até hoje nenhuma operadora conseguiu levá-lo a 100% do território nacional. A TIM será a primeira a fazer isso”, disse.

Griselli falou ainda sobre o repasse do corte do ICMS sobre as contas dos consumidores e as compensações em oferta de dados extras para os usuários de pré-pagos, por exemplo. Ele comentou também sobre reajustes de planos por causa da inflação no país, sobre a queda do lucro e como esse indicador não é o mais relevante devido ao momento da companhia, além de ter falado sobre a baixa participação da TIM no mercado de fibra — a empresa tem 2% de market share de fibra no Brasil.

“Somos uma operadora pure mobile [focada em telefonia móvel]. Somos um desafio para o mercado de banda larga n país porque justamente por sermos menores temos maior potencial de crescer”, disse. Griselli falou que não há evidências de que a estratégia de venda conjunta de serviços, que é praticada por concorrentes que oferecem planos de fibra + 5G/4G + fixo, por exemplo, seja vencedora, tanto no Brasil quanto em outras partes do mundo. Veja a entrevista completa no player acima, ou clique aqui.

Anderson Figo

Editor de Minhas Finanças do InfoMoney, cobre temas como consumo, tecnologia, negócios e investimentos.