Zelensky reage a pressão de Trump e descarta ceder Crimeia à Rússia

Presidente ucraniano usou redes sociais para rebater proposta de Trump e reiterou que Kiev não aceitará abrir mão de territórios

Paulo Barros

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O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, afirmou neste domingo (17) que o país não cederá territórios à Rússia em troca de um acordo de paz. A declaração, publicada na rede X, foi feita horas após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defender que Kiev aceite a permanência da Crimeia sob controle russo e desista de integrar a Otan.

“Os ucranianos estão lutando por sua terra, por sua independência”, escreveu Zelensky. Ele destacou que a Crimeia “não deveria ter sido cedida naquela época” e que a paz precisa ser “duradoura”, lembrando que a perda da península em 2014 e de partes do leste foi usada por Moscou como base para novos ataques.

Mais cedo, Trump havia afirmado que Zelensky “pode encerrar a guerra quase imediatamente, se quiser”. Em entrevista à Fox News, o presidente americano disse que o líder ucraniano deveria aceitar a proposta de Vladimir Putin porque “a Rússia é uma grande potência e eles, não”.

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Segundo reportagens da Reuters e do New York Times, a proposta russa envolve o reconhecimento da anexação da Crimeia e a incorporação de áreas ocupadas no Donbas e em Zaporizhzhia, em troca da retirada de tropas de outras regiões sob ocupação. A exigência inclui ainda a garantia de que a Ucrânia não entrará na Otan.

Zelensky já está em Washington para o encontro com Trump, previsto para esta segunda-feira (18). A agenda da Casa Branca prevê reunião a sós entre os dois presidentes às 14h15 de Brasília, no Salão Oval, seguida de um encontro ampliado com líderes da França, Reino Unido, Alemanha, Itália, Finlândia, União Europeia e Otan, às 16h.

Será a segunda reunião entre Zelensky e Trump desde o início da guerra. O primeiro encontro, em fevereiro, terminou em clima de tensão após o republicano adotar um tom ríspido com o ucraniano.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)