Shutdown nos EUA: democratas e republicanos trocam acusações por crise; veja razões

Democratas defendem subsídios de saúde, enquanto republicanos acusam oposição de ação deliberada para atingir Trump; divergências levaram ao primeiro shutdown desde 2019

Paulo Barros

Um visitante acena com uma bandeira americana perto do Capitólio dos EUA, enquanto a Câmara dos Representantes dos EUA considera o amplo projeto de lei de redução de impostos do presidente Donald Trump - 19/05/2025 (Foto: REUTERS/Nathan Howard)
Um visitante acena com uma bandeira americana perto do Capitólio dos EUA, enquanto a Câmara dos Representantes dos EUA considera o amplo projeto de lei de redução de impostos do presidente Donald Trump - 19/05/2025 (Foto: REUTERS/Nathan Howard)

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A paralisação do governo dos Estados Unidos conhecida como “shutdown”, iniciada nesta quarta-feira (1º), é resultado de um impasse em Washington que expõe divergências profundas entre democratas e republicanos. Enquanto a Casa Branca suspende serviços não essenciais e cerca de 750 mil servidores federais são afastados, os dois lados buscam transferir a responsabilidade pela crise orçamentária.

Do lado democrata, a crítica é direta ao presidente Donald Trump e ao Partido Republicano. Em comunicado, os líderes Hakeem Jeffries e Chuck Schumer afirmaram que Trump e seus aliados “paralisaram o governo federal porque não querem proteger a saúde do povo americano”. O partido insiste que não aceitará prorrogar o orçamento sem a inclusão de subsídios de saúde que vencem no fim do ano.

Os republicanos, por sua vez, argumentam que a responsabilidade é da oposição. O presidente da Câmara, Mike Johnson, declarou em publicação no X que “os democratas votaram oficialmente pelo fechamento do governo”. Em seguida, listou efeitos imediatos, como a interrupção de programas de nutrição infantil e atrasos em pagamentos a veteranos e militares. Para Johnson, os democratas se recusam a apoiar um plano temporário que manteria os gastos por mais sete semanas.

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O líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, reforçou a disposição de resistir, dizendo que o partido “não vai apoiar um projeto republicano que continua a cortar a saúde dos americanos”. Já a senadora Tina Smith, de Minnesota, afirmou ao Financial Times que os democratas “não serão intimidados”.

Republicanos defendem que a oposição está “brincando com fogo” ao rejeitar a medida provisória. A senadora Cynthia Lummis, de Wyoming, pediu que os democratas “façam a coisa certa pelo povo americano, votando para manter o financiamento do governo e dos Parques Nacionais”.

Com ambos os lados inflexíveis, o Senado deve voltar a analisar a mesma proposta republicana nos próximos dias, mas o avanço é incerto. O último esforço fracassou por não alcançar os 60 votos necessários, com apenas três democratas apoiando o texto.

Paulo Barros

Jornalista, editor de Hard News no InfoMoney. Escreve principalmente sobre economia e investimentos, além de internacional (correspondente baseado em Lisboa)