Senadores argentinos aprovam reajustes no próprio salário em meio à crise econômica

Parlamentares receberão 6,7 milhões de pesos argentinos (R$ 40 mil) a partir de maio, ante 1,9 milhão (R$ 11,5 mil) pagos anteriormente

Equipe InfoMoney

Congresso da Argentina debate projeto do presidente Javier Milei - 02/02/2024 (Reuters/Agustin Marcarian)

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Senadores argentinos aprovaram o aumento dos próprios salários, além de adicionar um bônus de Natal nos vencimentos, em votação no fim da sessão da quinta-feira (18), após um acordo prévio para evitar o escrutínio público.  

A partir de maio, os parlamentares vão passar a receber 6,7 milhões de pesos argentinos (R$ 40 mil) mensalmente. Atualmente, o salário é de 1,9 milhão de pesos argentinos (R$ 11,5 mil). O salário-mínimo no país é de 180 mil pesos argentinos (R$ 1.072). Mais da metade dos 46 milhões de argentinos estão abaixo da linha de pobreza, segundo o jornal El País.  

Senadores governistas, que apoiaram o discurso do presidente Javier Milei na campanha eleitoral em que criticava a “casta” política, também votaram a favor dos reajustes salariais. Segundo o jornal Clarín, a medida teve aval da vice-presidente de Milei e presidente do Senado, Victoria Villarruel. 

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As atualizações orçamentárias são tema de intenso debate na Argentina em meio a alta inflação e o corte de correções salariais promovido pelo governo para cumprir o seu plano de austeridade fiscal. Em um ano até março, a inflação na Argentina já acumulou 287,9% de alta, o maior valor desde o início dos anos 1990. 

Em publicação na rede social X, Milei criticou os parlamentares. “É assim que a casta age… Os únicos sete que votaram contra são os senadores da Liberdade Avança [partido do presidente]. Em 2025, será uma surra histórica”, afirmou em referência às eleições legislativas de meio de mandato que serão realizadas no ano que vem. 

Milei aumenta salário e recua 

O movimento dos senadores acontece um mês depois de o próprio presidente, Javier Milei, reajustar o seu salário em 50% e voltar atrás dias depois.  

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O presidente havia assinado o decreto que possibilitou o aumento, mas se desculpou, culpando a ex-presidente Cristina Kirchner, que há 14 anos teria criado um mecanismo de atualizações salariais pela inflação. “A cada dia que passa encontramos uma nova regra que favoreceu políticos e prejudicou argentinos”, disse o presidente na época. 

Em resposta, Kirchner acusou Milei de acusou de querer desviar a atenção do decreto culpando-a. “Admita que você assinou, foi pago e foi pego [o dinheiro]”.