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O presidente da Rússia, Vladimir Putin, sinalizou disposição para interromper a invasão da Ucrânia ao longo da linha atual de frente, segundo reportagem do Financial Times nesta terça-feira (22). Segundo o jornal britânico, a proposta foi apresentada ao enviado especial de Donald Trump, Steve Witkoff, em encontro realizado em São Petersburgo neste mês.
Conforme relatos obtidos pelo FT, Moscou estaria disposta a abrir mão de reivindicações sobre áreas de quatro regiões parcialmente ocupadas da Ucrânia que ainda permanecem sob controle de Kyiv. Em contrapartida, os EUA teriam sugerido reconhecer formalmente a anexação da Crimeia pela Rússia, além de reconhecer, ao menos de forma implícita, o domínio russo sobre as regiões atualmente controladas no leste e sul da Ucrânia.
As negociações representam o primeiro sinal público de que Putin pode estar disposto a recuar de exigências consideradas maximalistas desde os primeiros meses do conflito, iniciado em fevereiro de 2022. Ainda assim, autoridades europeias demonstram cautela, alertando que a Rússia pode estar usando a proposta como estratégia para pressionar por concessões unilaterais.
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Nova rodada de negociações
Uma nova rodada de reuniões está prevista para ocorrer em Londres, com representantes ucranianos, europeus e norte-americanos. No entanto, Witkoff e o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, cancelaram presença. O enviado de Trump para a Ucrânia, Keith Kellogg, deve participar.
Entre as ideias em discussão, está o envio de uma força de paz europeia — não vinculada à Otan — para monitorar uma possível trégua ao longo de uma zona desmilitarizada com mais de 1.000 km. Essa força atuaria em conjunto com militares russos e ucranianos, cada um monitorando seu lado da linha de contato.
Em resposta às tratativas, o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy afirmou que ainda não recebeu uma proposta oficial de Trump. “Há sinais, ideias, discussões, mas não é uma proposta formal. Se chegar, responderemos”, disse em pronunciamento. Zelenskyy reiterou que a Ucrânia não aceitará a ocupação da Crimeia: “É nosso território, não há o que discutir”.
Ainda segundo o FT, fontes próximas ao Kremlin afiram que Putin poderia flexibilizar sua exigência anterior de controle total sobre as quatro regiões fronteiriças — Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia — caso obtenha garantias como o reconhecimento da Crimeia como território russo e a exclusão da Ucrânia da Otan.