Putin diverge do Brasil e apoia Venezuela nos Brics, mas elogia Lula: “muito honesto”

A postura do Brasil reflete a insatisfação de Lula com a recente eleição venezuelana, que foi internacionalmente criticada por falta de transparência

Equipe InfoMoney

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A entrada da Venezuela nos Brics gerou divergências explícitas entre Rússia e Brasil durante a recente cúpula em Kazan, Rússia, na quinta-feira (24). O presidente Vladimir Putin apoiou abertamente a adesão da Venezuela, ressaltando que as posições russas “não coincidem” com as brasileiras.

A postura do Brasil reflete a insatisfação de Lula com a recente eleição venezuelana, que foi internacionalmente criticada por falta de transparência, e que o governo brasileiro evita reconhecer formalmente. No entanto, Putin elogiou Lula, descrevendo-o como um “homem muito honesto”.

A criação de uma nova categoria de “Estados parceiros”, proposta no encontro, foi vista como uma estratégia para expandir o alcance geopolítico dos BRICS sem garantir direitos de voto plenos aos novos integrantes.

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Lula, em discurso por videoconferência, defendeu a adoção de critérios rigorosos para selecionar países parceiros, visando evitar futuras controvérsias políticas. O Brasil demonstrou, ainda, desconforto com a inclusão de países como Nicarágua e Venezuela, embora sem vetos formais, preferindo manter o bloco alinhado com princípios democráticos.

Presidente da Rússia, Vladimir Putin, fala durante uma coletiva de imprensa na Cúpula dos Brics em Kazan, Rússia, em 24 de outubro de 2024. Alexey Filippov/BRICS-RUSSIA2024.RU Host Photo Agency via REUTERS ATTENTION EDITORS – THIS IMAGE WAS PROVIDED BY A THIRD PARTY. MANDATORY CREDIT.

A cúpula também abordou temas de grande impacto econômico, como as tensões comerciais globais e a crescente influência da Rússia e da China na definição de políticas de integração regional. A ampliação dos BRICS está em linha com as ambições russas e chinesas de contrabalançar o peso dos Estados Unidos e da União Europeia nas negociações internacionais.

Lula, em sua fala, reiterou sua crítica às guerras e à mudança climática, enquanto defendia uma taxação sobre os “super-ricos” como resposta a desafios econômicos globais, reforçando a pauta progressista do Brasil no cenário global.

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A reunião em Kazan ilustra o papel dinâmico do BRICS em um cenário de economia global volátil, onde a ampliação do bloco e a adoção de novos parceiros representam tanto uma oportunidade de cooperação econômica quanto um desafio diplomático para seus membros.

(Com G1)