Putin aceitaria cessar-fogo na Ucrânia, desde que mantidas as fronteiras atuais

Fontes ligadas ao líder russo dizem que ele estaria disposto a um acordo para interromper a guerra se fossem reconhecidas as linhas atuais do campo de batalha

Reuters

O presidente russo Vladimir Putin no Kremlin - 23/5/2024 (Foto: Yuri Kochetkov/Pool via Reuters)

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Moscou/Londres (Reuters) – O presidente russo, Vladimir Putin, está pronto para interromper a guerra na Ucrânia com um cessar-fogo negociado que reconheça as linhas atuais do campo de batalha, disseram quatro fontes russas à Reuters, afirmando que ele está preparado para lutar se Kiev e o Ocidente não responderem.

Três das fontes, familiarizadas com as discussões na comitiva de Putin, disseram que o veterano líder russo expressou frustração a um pequeno grupo de conselheiros sobre o que ele vê como tentativas apoiadas pelo Ocidente para impedir as negociações e a decisão do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky de descartar as negociações.

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“Putin pode lutar pelo tempo que for necessário, mas Putin também está pronto para um cessar-fogo – para congelar a guerra”, afirmou outra fonte russa sênior que trabalhou com o presidente e tem conhecimento das conversas de alto nível no Kremlin.

Ele, assim como os outros citados nesta reportagem, falou sob condição de anonimato, dada a sensibilidade do assunto.

Para essa reportagem, a Reuters falou com um total de cinco pessoas que trabalham ou trabalharam com Putin em um nível sênior nos mundos político e empresarial. A quinta fonte não comentou sobre o congelamento da guerra nas linhas de frente atuais.

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O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, em resposta a um pedido de comentário, disse que o chefe do Kremlin havia deixado claro repetidamente que a Rússia estava aberta ao diálogo para atingir seus objetivos, dizendo que o país não quer “guerra eterna”.

Os ministérios das Relações Exteriores e da Defesa da Ucrânia não responderam às perguntas.

A nomeação, na semana passada, do economista Andrei Belousov como ministro da Defesa da Rússia foi vista por alguns analistas militares e políticos ocidentais como uma forma de colocar a economia russa em um pé de guerra permanente para vencer um conflito prolongado.

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Isso ocorreu após a pressão constante no campo de batalha e os avanços territoriais da Rússia nas últimas semanas.

Entretanto, as fontes disseram que Putin, reeleito em março para um novo mandato de seis anos, preferiria usar o atual momento da Rússia para deixar a guerra para trás. Elas não comentaram diretamente sobre o novo ministro da Defesa.

Com base em seu conhecimento das conversas nos altos escalões do Kremlin, duas das fontes disseram que Putin era da opinião de que os ganhos na guerra até o momento eram suficientes para vender uma vitória ao povo russo.

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O maior conflito terrestre da Europa desde a Segunda Guerra Mundial custou dezenas de milhares de vidas em ambos os lados e levou a sanções ocidentais abrangentes sobre a economia da Rússia.

Três fontes disseram que Putin entendeu que quaisquer novos avanços dramáticos exigiriam outra mobilização nacional, o que ele não quer, com uma fonte, que conhece o presidente russo, afirmando que sua popularidade caiu após a primeira mobilização em setembro de 2022.

A convocação nacional assustou parte da população da Rússia, fazendo com que centenas de milhares de homens em idade de alistamento deixassem o país. As pesquisas mostraram que a popularidade de Putin caiu vários pontos.

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Peskov disse que a Rússia não tinha necessidade de mobilização e que, em vez disso, estava recrutando contratados voluntários para as Forças Armadas.

Sem acordo

A perspectiva de um cessar-fogo, ou mesmo de conversações de paz, parece atualmente remota.

Zelensky tem dito que a paz nos termos de Putin não tem chance de acontecer. Ele prometeu retomar o território perdido, incluindo a Crimeia, que a Rússia anexou em 2014. Ele assinou um decreto em 2022 que declarou formalmente que qualquer conversa com Putin seria “impossível”.

Uma das fontes previu que nenhum acordo poderia acontecer enquanto Zelensky estivesse no poder, a menos que a Rússia o contornasse e fechasse um acordo com Washington. No entanto, o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, falando em Kiev na semana passada, disse aos repórteres que não acreditava que Putin estivesse interessado em negociações sérias.