O que a CIA pode fazer na Venezuela após autorização de Trump?

Ex-agentes detalham como “descobertas presidenciais” podem ampliar o alcance da CIA na Venezuela

Felipe Alves

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O presidente dos EUA, Donald Trump, revelou ter autorizado operações secretas da CIA (Agência Nacional de Inteligência) na Venezuela, uma medida que abre espaço para desde ataques a redes de narcotráfico até ações que possam visar o governo de Nicolás Maduro, disseram ex-agentes à BBC.

O reconhecimento público de Trump sobre autorizações à CIA expõe um poder presidencial pouco conhecido: o de ordenar operações clandestinas no exterior sem necessidade de aprovação prévia do Congresso. Essas decisões, chamadas de “descobertas presidenciais”, já autorizaram no passado ataques com drones, financiamento a grupos armados e até programas de mudança de regime.

Limites práticos das operações

Pela lei americana, o presidente pode permitir ações secretas quando elas sejam consideradas necessárias aos interesses de segurança nacional. Em seguida, o Executivo deve informar os comitês de inteligência do Senado e da Câmara. O Congresso só pode travar ou restringir essas operações por meio de leis ou corte no financiamento.

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Ex-agentes ouvidos pela BBC lembram que os limites práticos dependem do texto da autorização. Mick Mulroy, ex-agente da CIA, ressalta que, na prática, o presidente pode tornar a autorização tão ampla quanto desejar e até alterá-la via decreto. Entre os instrumentos possíveis estão assassinatos seletivos, operações clandestinas, influência política local e apoio a grupos armados.

Situação na Venezuela é mistério

Não está claro ainda se a CIA já executa, planeja ou apenas mantém essas ações como contingência na Venezuela. 

Trump justificou a medida esta semana citando o fluxo de drogas rumo aos EUA e mencionou ataques a embarcações no Caribe.

Ex-funcionários apontam que redes criminosas como o Tren de Aragua e o Cartel dos Sóis, classificadas pelos EUA como terroristas, poderiam ser alvos de operações paramilitares ou de drones.

Para veteranos da agência, a metodologia usada na guerra contra o terror — localizar, neutralizar e eliminar alvos — pode ser aplicada contra essas organizações criminosas, ampliando o espectro das ações secretas autorizadas pelo presidente.