Brasil vai causar grande impacto se reconhecer Rússia como agressora, diz Zelenski

Presidente da Ucrânia afirma que será "um grande erro" caso Lula se encontre com Putin

Equipe InfoMoney

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), durante encontro com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, em Nova York (Foto: Ricardo Stuckert/PR)

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O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, afirmou que Luiz Inácio Lula da Silva pode ajudar a resolver o confronto entre Rússia e Ucrânia, mas antes precisa tomar partido no conflito. “O Brasil terá um grande impacto se a política de Lula com a Ucrânia mudar, se ele realmente quiser resolver a guerra e reconhecer a Rússia como agressora”, disse ao jornal Folha de S.Paulo.

Zelenski concedeu uma entrevista a veículos brasileiros nesta quinta-feira (18), em Kiev.

O presidente ucraniano afirmou que não pode interferir na relação do Brasil com a Rússia, mas “fica surpreso” com a proximidade entre os países. “Se dois anos não foram suficientes para entender o que está acontecendo [na guerra], ele [presidente Lula] precisa nos ouvir de novo”, disse.

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Na próxima semana, Celso Amorim, principal assessor de Lula para assuntos internacionais, deverá ir à Rússia como representante brasileiro para um encontro dos BRICS sobre segurança. Outro aceno brasileiro a Moscou foi a declaração de Lula consentindo que Vladimir Putin venha ao Brasil no final do ano para a cúpula do G20, no Rio de Janeiro.

Acusado de crimes de guerra, Putin tem um mandado de prisão emitido pelo Tribunal Penal Internacional. Entretanto, Lula declarou que “se eu for presidente do Brasil, e se ele vier para o Brasil, não tem como ele ser preso”, em setembro do ano passado.

Zelenski vê atitudes como essa como um erro: “Seria um grande erro. Temos que isolar politicamente Vladimir Putin. Ele precisa sentir que cometeu um erro histórico ao invadir a Ucrânia”, afirmou à Folha.

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O presidente ucraniano reiterou o convite feito a Lula para que compareça a um congresso global que acontecerá na Suíça em junho, sem a presença russa, onde se espera que avancem negociações internacionais sobre soluções para o conflito.

Após a vitória de Putin das eleições russas em março, as investidas contra a Ucrânia foram intensificadas. Os Estados Unidos diminuíram o ritmo de apoio financeiro devido a própria disputa eleitoral, mesma situação vivenciada na França, por Emmanuel Macron. Ambos os países eram ferrenhos apoiadores da Ucrânia no início do conflito.

Atualmente Zelenski busca outras formas de apoio, como o envio de treinamento europeu em solo ucraniano, para que os soldados não tenham que se locomover e os países vizinhos não precisem enviar tropas, além de abatimento dos foguetes russos no espaço aéreo dos países aliados.