Milei e Macri desmentem que apoio de Bullrich no 2º turno na Argentina envolva mudanças programáticas

Milei afirmou que suas ideias coincidem em 90% com as propostas de Bullrich e que não abre mão da ideia de acabar com o Banco Central

Roberto de Lira

Javier Milei, Argentina (Foto: Bloomberg)

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O ex-presidente da Argentina Mauricio Macri e o candidato à presidência no segundo turno da disputa, o ultraliberal Javier Milei, desmentiram publicamente que a construção do acordo que trouxe o apoio da terceira colocada na votação, Patricia Bullrich, tenha envolvido mudanças de propostas, especialmente na economia.

Macri deu entrevista à Radio Mitre na manhã desta sexta-feira (27) e afirmou que na eleição do último domingo, os argentinos decidiram que a opção para liderar a mudança no país é Javier Milei e que ele representa “o único caminho que tem a Argentina hoje”. “É um apoio incondicional. Não pedimos nada. Nenhuma acusação foi discutida. Fomos à reunião não para dar e receber”, declarou.

O discurso coincide com o utilizado pelo próprio Milei em entrevista na noite da quinta-feira (26) ao canal A24. “Quero assinalar a grandeza da senhora Bullrich, que me deu apoio incondicional. Não me condicionar nada, não me restringiram nada, ninguém me pediu nada”.

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Ele disse ainda que seu programa é similar ao de Bullrich em 90%, incluindo propostas de reduzir impostos, cortar gastos do governo, desregular e abrir a economia,

Sobre no futuro fazer algumas concessões ao grupo político encabeçado por Macri, ele declarou que isso faz parte de outro tipo de discussão. Mas ele reafirmou a decisão de acabar com o Banco Central, que faz parte do processo gradual de futura dolarização da economia sob seu eventual governo.

Macri contou que tentou descontrair o encontro entre Milei e Bullrich, afirmando que “chegou a montonera”, quando a ex-candidata apareceu. “Sim, aquela que joga bombas nos jardins”, teria respondido ironicamente Bullrich.

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Foi quando Milei pediu perdão por acusações na campanha de que ela teria feito parte da organização radical de esquerda Montoneros nos anos 1970. “Quão mal eu fui, eu estava errado”, desculpou-se Milei, segundo o relato de Macri. Ela teria respondido que também disse algumas coisas que não deveria.

Tanto Macri como Milei também atacaram membros dissidentes da coligação Junto pela Mudança, que se posicionaram contrários à aliança com o ultraliberal de A liberdade Avança, particularmente os líderes da União Cívica Radical.

Segundo Macri, líderes da UCR como o governador Gerardo Morales, o senador Martín Lousteau e o deputado Emiliano Yacobitti devem parar com a “farsa da neutralidade” e se dedicar abertamente a apoiar o candidato oficial Sergio Massa. “Eles tiveram inúmeras reuniões com Massa e negociaram contra os interesses dos argentinos. Eles não podem dizer nada”, declarou.

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Milei classificou esses políticos como traidores. “O pior lugar no inferno está reservado para aqueles que mantêm a neutralidade”, disse.