Maduro aparece de farda e se diz pronto para se defender dos EUA

Maduro falou em "defender a paz e a soberania nacional" em meio às ameaças do governo americano

Estadão Conteúdo

FILE Ñ President Nicol‡s Maduro last month during a ceremony to swear in new members of a national militia in Caracas, Venezuela, Jan. 7, 2025. The Trump administration is aggressively stoking tensions with Venezuela and its president, Maduro, and appears to be creating conditions that could lead to a military confrontation. (The New York Times)
FILE Ñ President Nicol‡s Maduro last month during a ceremony to swear in new members of a national militia in Caracas, Venezuela, Jan. 7, 2025. The Trump administration is aggressively stoking tensions with Venezuela and its president, Maduro, and appears to be creating conditions that could lead to a military confrontation. (The New York Times)

Publicidade

O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, apareceu de farda militar ao visitar tropas nesta sexta, 29, dia em que navios de guerra dos EUA começaram a chegar ao sul do Caribe, próximo da costa venezuelana. Maduro falou em “defender a paz e a soberania nacional” em meio às ameaças do governo americano, que o acusa de ser um narcotraficante, e disse que o governo da Colômbia se uniu aos esforços dos venezuelanos para reforçar a segurança na fronteira.

“Hoje, posso dizer, depois de 20 dias seguidos de anúncios, ameaças, guerra psicológica, 20 dias de cerco contra a nação venezuelana, que estamos mais fortes do que ontem, mais preparados para defender a paz, a soberania e a integridade territorial, muito mais”, afirmou o ditador aos militares.

Os EUA anunciaram o envio de cinco navios de guerra e cerca de 4 mil efetivos ao sul do Caribe, perto do território venezuelano, com o argumento de realizar manobras contra o narcotráfico. A agência de notícias France Presse observou o cruzador de mísseis guiados USS Lake Erie em um porto do Pacífico, em direção ao Canal do Panamá.

Continua depois da publicidade

A operação coincide com o aumento da recompensa oferecida por Washington pela captura de Maduro, hoje em US$ 50 milhões (cerca de R$ 271 milhões). O venezuelano é acusado pela Justiça americana de ser líder de um cartel. “Nem sanções, nem bloqueios, nem guerra psicológica, nem assédio. Não há como entrarem na Venezuela”, disse o ditador.

Mobilização

Maduro convocou para ontem e este sábado, 30, uma segunda jornada de alistamento da Milícia Bolivariana, um componente militar integrado por civis com alta carga ideológica, para enfrentar a possível ameaça. Segundo ele, a força armada conta com 4,5 milhões de milicianos, um número questionado por especialistas.

A milícia não esconde sua politização. “Duvidar é traição”, diziam os escudos levados por efetivos que concluíram um curso de “operações especiais revolucionárias” e fizeram uma simulação para Maduro acompanhar.

O líder chavista também comemorou ontem a coordenação de segurança com a Colômbia, após o presidente Gustavo Petro ordenar a militarização da região do Catatumbo (nordeste) com 25 mil soldados. “Nossa terra, vigiamos, preservamos e cuidamos nós, venezuelanos e colombianos, unidos pela paz, prosperidade e soberania”, disse Maduro.

O presidente destacou que, em meio à conjuntura atual, ganhou “mais apoio internacional do que nunca”. Seu embaixador na ONU, Samuel Moncada, enviou uma carta ao secretário-geral da organização, António Guterres, solicitando que ele peça ao governo americano que encerre “de uma vez por todas suas ações hostis e ameaças”.

Continua depois da publicidade

Narrativa

Os EUA começaram a enviar os navios de guerra em meados deste mês, mas Washington não sinalizou nenhuma incursão terrestre planejada para os militares mobilizados. Analistas e autoridades atuais e antigas do governo não veem possibilidade de uma invasão americana.

Ainda assim, o tema da mobilização tem dominado as conversas nas ruas e nas casas dos venezuelanos. A suposta ameaça de invasão monopoliza a atenção nas mídias sociais e na TV estatal.

Continua depois da publicidade

O governo capitalizou a especulação apelando às pessoas, principalmente à sua base cada vez menor, para se alistarem na milícia, enquanto a oposição está novamente caracterizando as ações dos EUA como um sinal de que o governo Maduro está chegando ao fim.

A líder da oposição, Maria Corina Machado, cujo substituto Edmundo González é reconhecido pelos EUA e vários outros governos como o legítimo vencedor das eleições de 2024, apareceu na Fox News, após o anúncio, e agradeceu ao governo Trump por adotar “a abordagem correta, com coragem e clareza, em relação à empresa criminosa que tomou conta” da Venezuela.

Ela também postou no X um pedido para que os venezuelanos “desobedeçam” ao governo e rejeitem o esforço de recrutamento da milícia. “As praças vazias da Venezuela hoje anunciam o futuro que se aproxima”, escreveu ela nas redes sociais.

Continua depois da publicidade

Mas essa promessa não é novidade para os venezuelanos. Christopher Sabatini, pesquisador do centro de estudos britânico Chatham House, criticou os líderes da oposição por “manipularem cinicamente a esperança das pessoas” novamente e “caírem na armadilha de que uma invasão é iminente”. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.